Uma professora que antes de tudo é amiga

Mais do que palavras jogadas ao vento, são as boas atitudes das pessoas que me impressionam. Eu sou uma prova desta tese.

Quem me conhece sabe que falo muita besteira, faço piadas, às vezes sendo elas politicamente incorretas, gosto de "analisar as pessoas" - como refere-se à fofoca, um grande jornalista que é meu professor. Ás vezes me finjo de arrogante e quero aparentar uma superioridade, mas paro por aí. Faz parte da brincadeira. Mas no final os meus amigos sabem que isso são os detalhes que constroem meu personagem.

Eles também sabem que sou um amigo que preza pela fidelidade, confiança pela minha palavra, otimismo, organização e liderança. Todas estas minhas qualidades não preciso ficar alardeando, não tenho essa necessidade. E expressos estas minhas qualidades sempre através de meus atos. Talvez por isso minhas amizades resistem ao tempo: minhas qualidades estão embaladas em um personagem cômico.

Enfim, o objetivo deste texto não é falar de mim. Não tenho o mínimo de prazer de falar de mim mesmo. E meus amigos também sabem disso. Sou jornalista e falo dos outros (risos, dói, mas é verdade).

Esta introdução toda só pra dizer que hoje uma pessoa me surpreendeu, de verdade. A minha professora orientadora hoje ultrapassou a barreira das palavras e a expressão foi por atos. Desde o início do período mantemos uma relação bastante amistosa. Mesmo com minhas grandes dificuldades, já que uma monografia nunca foi meu objetivo, ela vem sempre me apoiando e se colocando à minha disposição para tudo. Em uma tentativa de agradecimento, tento não incomodar muito ela. Sei de suas muitas atribuições no departamento do curso de comunicação da UFPI e ela é muito ocupada.

Na noite de finados, na sexta-feira, um feriado, ela enviou via e-mail as observações relativas a meu capítulo dois. Eu, inseguro e assustado para não ver meus possíveis erros nem abri minha caixa de entrada. Percebi a presença desse e-mail por notificação no meu smartphone. Fui até meu WhatsApp e vi um áudio de quase dois minutos da mesma professora. Ela me convidando para tomar um café em um Shopping de Teresina no sábado pós-feriado.

Me preocupei. Não é somente um café, com certeza. Meu TCC deve estar muito ruim. Faltando alguma coisa. "Onde foi que eu errei?", tentava relembrar meus passos em busca de saber os motivos deste encontro. Qual o motivo dela querer falar comigo no sábado? Por que não na segunda-feira? Não conseguindo saber, aceitei o convite e já fui abrir o e-mail e saber das críticas à meu capítulo.

"Não doeu". Foi assim que expliquei a professora hoje, no sábado, sobre o alívio de ver que no meu texto não tinha nenhum erro que me levasse ao desespero. Ao chegar na panificadora, ponto de encontro, ocorreu a atitude dela que me surpreendeu. Ela perguntou se eu tinha tomado café... (quem me conhece sabe da minha chata mania de não sentir fome no café) e eu respondi não. E ela me serviu me oferecendo uma tapioca com ovo e queijo, que estava muito bom, e serviu meu café com leite, assim como eu gosto.

Para alguns este gesto pode parecer bobo, mas pra mim não. Sou do tempo em que o professor tinha certa distância do aluno. Cada um cumprindo seu papel em sala e ao fim do período letivo essa relação encerraria. Mas com minha professora nunca foi assim. A cada encontro nosso em sala de aula, eu percebia que essa relação era diferenciada. Ela sempre me dava atenção respondendo às minhas inquietações, tentando me nortear no meu TCC e ouvindo minhas dificuldades neste trabalho fina. Essa simples atitude dela no dia de hoje e todas as outras formas de receptividade dela para comigo me faz refletir que não somos apenas aluno/professora, e sim amigos.

E o encontro prosseguiu com uma orientação recheada de informação e com ela sanando minhas dúvidas. E mais uma vez ela criticou minha percepção de conceitos fechados (risos). Desculpa, professora sou naturalmente das exatas, pensei. Ri quando ganhei essa bronca. Era uma crítica pra me engrandecer, eu sabia. Me senti bem depois daquele encontro. Mais leve e menos inseguro pra continuar meu capítulo três. Obrigado, professora pela orientação diferente e também pelo café. Lhe agradeço, e fico lhe devendo o próximo café, afinal somos amigos!

William Sousa
Enviado por William Sousa em 03/11/2018
Reeditado em 03/11/2018
Código do texto: T6493863
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