A Gata Morgana (3)
Morgana sempre se diverte mordendo panturrilhas de pernas desavisadas... ela tem nisso um prazer.
Ela quer comida e atenção, ai daquele que ignora sua superioridade! Ela castiga sem piedade o insolente! Afinal é descendente dos gatos da lendária Avalon, possui também a mística de seus antepassados.
Quando a maldição profana atingiu os gatos de minha família, morreram todos um a um, menos a implacável Morgana Lua.
E sua reação a cada perda dos colegas foi diferenciada.
Quando o Patriarca Nicolas Flammel partiu, ela assistiu o enterro solenemente, demonstrando a admiração que sentia e todo seu respeito por aquele aristocrático senhor de idade.
Quando soou o toque de despedida de Benedito Sidarta, o lendário meliante, ela não sopitou sua alegria intensa. Convidou Xamã a ser sua cúmplice na conspurcação do túmulo. E fez ali seu cocô de desprezo, seguida por Xamã no mau exemplo em faltar com o perdão das ofensas. Em seguida as duas comemoraram aquele dia como sendo o mais feliz de suas gatíneas vidas.
Quando Xamã faleceu, pensei que iria sofrer, afinal eram cúmplices, mas qual não foi o meu espanto ao ver sua felicidade não disfarçada. Afinal ali se transformou em "Gata Única", a suprema ventura, o posto mais cobiçado por todos os gatos! Nem uma lágrima... nada. Apenas sua glória ao ostentar a felicidade absoluta, pois agora os escravos humanos eram todos seus e iriam servir somente a uma única senhora, ela - Morgana Lua!!!