Festas, doce alegria.
Quem não gosta de ir, nos finais de semana ou meados da semana em uma festa?
Conforme origem etimológica, a palavra “festa” tem suas raízes em substantivada, do latim “festa”, que representa uma reunião de pessoas sem fins lucrativos, um momento de alegria, fato vultuoso em que se comemora alguma homenagem civil ou histórica, uma celebração religiosa, um afago ou uma carícia, trocas de presentes, enfim, uma série de acepção. Ou melhor dizer, alegria, farras, danças, músicas, bebidas, brincadeiras e mais outras ações.
Então, fazer uma festa é mostrar para o mundo ou para as pessoas o que melhor existe.
Quando se é convidado, sempre existe a certeza de que será bem recebido, que haverá muita comida e bebida, que pessoas diferentes ou aquelas que estão morando fora do ambiente estejam presentes, que haverá fato curioso, enfim, muitas ideias se passam no convidado. Será que a roupa está adequada ou à altura daquele momento.
Assim que se estaciona o veículo no local ou chega de ônibus, de outra forma de transporte, o convidado tem a esperança de ter momentos e glórias, pois será um arquivo no subconsciente.
Ao bater à porta, logo é recibo com um forte abraço, boa noite, bom dia, onde está o convite, quais os membros da família que o acompanham. Um aperto de mão, tapinha no ombro, então uma batalha de rituais que o coloquem dentro do momento.
Ao adentrar no salão, logo o garçom lhe convida a tomar o acento, poderá ser próximo de amigos ou onde não se conhece nada.
Ao lobrigar os que ali estão, um garçom lhe entrega os copos. Pergunta quais são as bebidas que toma, qual o refrigerante das crianças. Há ocasiões onde a cadeira é puxada para os convidados sentarem. A criança que brinca dentro de um pula – pula, o casal que dança ao som dos anos oitenta, as vasilhas com as comidas típicas, o casal de namorados que não se entende nas ideias, a anciã, juntamente com os netos e filhos, que conversam entre si, o velho boiadeiro vestido de suas roupas típicas, com o grande chapéu na cabeça, dizendo que caiu poucas vezes do lombo do boi. Um senhor sentado ao fundo, parece tão vidrado no celular. Talvez esteja lendo as últimas notícias atuais. Quem sabe poderá estar brincando de algum jogo e conversando entre si dentro de um grupo fechado.
Uma pequena conversa com os familiares. Mais uma vez olha para o outro lado e depara com o casalzinho de crianças recém-nascidas. São gêmeas, diz com toda pompa um jovem rapaz, que se presume ser o pai das crianças.
Traga-me outra bebida, diz um senhor de média idade ao garçom. Não quero bebida quente. Quero a cerveja mais gelada, aquela que saiu do polo norte, no seio da geleira.
Recebe a tampinha nas costas. Logo é seu melhor amigo ou algum conhecido que deseja saber as notícias, os detalhes, tudo aquilo que vive e da família. Longos minutos de conversa e mais um motivo para querer beber outra medida. Às vezes as conversas estão agradáveis, porém o sentimento de estar ali é fundamental para sua existência. Por um momento, lembra-se as janelas da casa. Será que estão todas fechadas, pois sopra o vento forte e há ameaça de chuva. Lembra-se, portanto, a esposa responsável que a casa foi toda fechada. Até o cãozinho de estimação foi para a casinha no fundo do quintal.
Que bom estar em paz. Uma cerveja, duas, três. Uma boa taça de vinho e o rapaz que se serve diz que o vinho está envelhecido há cinco anos.
Eu quero refrigerante. O meu acabou. Traga-se mais churrasco, mais linguiça assada, carne de boi. O frango está uma delícia. Será que terá sobremesa. O bolo está muito lindo, qual o confeiteiro que o fez. As uvas estão docinhas. Olhe só o formato da melancia. Deve ter dado muito trabalho para ornamentar. Quantos doces e balas estão ali. Preciso ir buscar, mas logo é repreendido pelos pais.
Mais comentários se ouvem. O casal que está na sentado à frente diz que o esposo do primo do dono da festa se separou da família. Deve ter arrumado outra família. O sapato da moça que está dançando está soltando a costura. Deve ser a pressa para vir ou para dançar.
Já se passou um bom tempo e sem dúvida o cansaço chega repentinamente. Deseja verificar outras dimensões do salão. O alto som da música faz com que muitos casais, jovens, crianças, adultos, uns com os copos nas mãos, vão até ao salão e dançam. Acha meio estranho ver tudo diferente. O vaqueiro está bem tonto. O homem do celular resolveu sair do local e ficou à vontade do lado de fora. Talvez esteja conversando com a namorada ou semelhante. Surpreendente, olha para uma senhora de meia idade. Está trajando um lindo macacão da cor amarela. Os olhos brilham, pois está sob o efeito das últimas bebidas. Ela está sorridente. Dos lábios percebe-se que acompanha a letra da música tocada. Os cabelos, ainda presos, com marcas de suor no rosto, escondem as pequenas rugas da vida. Estava tristonha, porque ficou viúva ainda cedo. Dedicou alguns anos para criar a família, sozinha, com ajuda do salário e a pensão do falecido. Ela vislumbra uma sensação de liberdade. Então, você sussurra nos ouvidos da esposa, que a viúva deseja encontrar um namorado. Não se sabe se será um jovem cheio de vida e energia ou se será um outro viúvo, uma outra pessoa divorciada ou um solteirão. A esposa olha assustada e verifica que você não está olhando para a viúva, mas se estiver, ficará a esposa de cara feia.
Já indo para o final da festa, onde todos estão cansados e a cerveja ainda é contada para ser servida, sua atenção se volta para a mesa do final do corredor. Nela, estão três professores. Um é doutor em Língua Portuguesa. As outras duas professoras, que o acompanham, são professoras do curso ginasial. São belas, apesar de não serem casadas e muito atraentes. Grandes olhos se voltaram a elas, mas não deram valor, pois aos olhadores, elas não sentiam nenhuma atração. Olha, não para as professoras, mas para o professor que pede dois limões, uma faca, um pouco de gelo e um guardanapo. A atenção se volta ao professor. Com a faca em punho, corta criteriosamente as fatias dos limões. São fatias bem medidas e diria que estavam todas sob medidas. Uma a uma. Sempre com o sorriso nos olhos. O rosto parece de uma pessoa pervertida, uma pessoa seduzida e sob o efeito de mais bebidas. Olha, constantemente para um lado e para o outro. A atenção dele se volta quando você o observa. Ele, ainda cortando as fatias dos limões, com um sorriso seco nos lábios, cochicha algo nos ouvidos das duas professoras. Elas, imediatamente, viram o rosto e olham em sua direção. Uma faz cara de riso, mas logo é advertida pela segunda, que talvez falou de sua vida. Assim que termina o corte, o professor gozador pega o cabo da faca. Por uns cinco minutos ele amaça as fatias dentro do copo e coloca o gelo. O movimento dele é observado por você o tempo todo. Amaça, amaça e logo pega uma garrafa sobre a mesa. Deve ser bebida forte. Coloca-a no copo, meche muito, coloca outra porção de uma nova garrafa. Tira algo do bolso, que se presume ser açúcar. Remexe várias vezes. Olha para um lado e para o outro lado. Não olhou para seu lado, mas prova a nova bebida com a ponta do dedo. Deverá estar gostoso, mas somente o tempo dirá, porque sua atenção é distraída quando a esposa e os filhos se levantam e pedem para ir embora.
Assim, entre outras, é uma festa. Uns têm várias delas durante a semana. Alguns têm poucas e a cada festa é motivo de alegria, de paz e de uma nova observação. Porque tudo é festa.