porque escrever é democrático

Tenho procurado coisas novas para ler quando acho um tempinho livre. Embora “livre” não seja bem a palavra já que quase sempre estou limitada a uma cadeira, uma mesa pequena e um registro-ponto. Mas, algo que não sejam meus livros que leio no ônibus ou antes de dormir ou no final de domingo enquanto tomo vinho tinto seco no meu colchão sem lençol. Não. Procuro coisas como “a eficiência ou não da auto-hemoterapia”, “as 10 Fake News mais engraçadas”, “a verdadeira história por trás do filme” e “as definições de Freud sobre o Ego, o Superego e o Id”. Isso eu pesquiso sempre porque esqueço assim que leio.

No português, os estados temporário e definitivo de um ser humano não deveriam ficar à mercê da interpretação de texto de terceiros, essa triste terra de ninguém.

Talvez, os textos de internet, os clássicos da literatura e as situações difíceis da vida devessem ser coisas autoexplicativas só por educação. Tipo edição comentada.

Pode ser que seja um protesto inútil. Mas discursos prontos e ensaiados, aquela calma do “terno e gravata”, como se um figurino conferisse dignidade à falas tão batidas e vazias, me parecem velhos. Talvez com um pouco de incentivo eu - ou alguém com um pouco mais de disposição na coluna aos 30 e poucos – fizesse uma pesquisa dedicada à vacina contra o mau caráter, por exemplo. A ciência ainda tem muitas lacunas. Enfim, não estamos em tempo de pesquisa científica, de sonhos, de significância dos livros, do significado de gente. Eu particularmente nem sei que tempo eu tô – se presente, passado, ou o futuro de 1983.

Tenho lido coisas que me façam descansar os neurônios de tantos pronomes oblíquos e sintaxe e notícias e pessoas que vão embora para outro país/outra vida/outra pessoa e, pontuação correta.

Perdoem minha mente hiperativa. E não desistam do amor! Me atiro do alto e que me atirem no peito.

Do amor, nem do respeito.

#TextoDeQuinta