Virei tia! 2.6
Virei tia! Isso mesmo. Não aquela tia no pleno sentido da palavra. A irmã da mãe ou pai dos meus sobrinhos. Virei aquela tia que ninguém quer ser: aquela que não é mais nova, que já começa a ser vista como senhora.
Digo isso, pois esses dias estava na fila da lanchonete para comprar um lanche e umas crianças voltando da escola estavam escolhendo o que iam comer. No alvoroço da fome do meio dia e na indecisão juvenil um dos meninos esbarrou em mim e disse “desculpa, tia!”. Foi tão automático, tão natural que mesmo não sendo a intenção me fez sentir um pouco velha.
Lembro-me que amava ver os concursos de miss Brasil, miss universo e todos os outros concursos de beleza possíveis. Arrumava o cabelo, fazia as unhas e me sentava linda e plena (pelo menos assim me sentia) para ver o desfile das jovens modelos. Naquela época até chegava a pensar que se eu não fosse tão pequena um dia poderia estar lá. Porém com a idade que tenho agora jamais participaria de um concurso desses.
Hoje é meu aniversário e completo vinte e seis primaveras. Não me orgulho de todas elas. Algumas foram verdadeiros anos jogados no lixo, mas isso faz parte dos erros e acertos na vida. Ela não vem com uma bula ou manual para todas as situações e cabe a nós ir aprendendo e sabendo levá-la da melhor forma possível.
O que eu desejo para mim nesse ano que se inicia é que eu espalhe amor por onde for. Quero ser lembrada por essa qualidade. Quero levar luz aos que me rodeiam e ser um abrigo em tempos de necessidade. Inclusive a você, caro leitor.
Os trinta se aproximam de modo tão fugaz que às vezes me assusta, por isso quero partir com a certeza de que contribui com algo para o mundo e que deixei um legado de amor. Não é fácil. Não é nada fácil, sobretudo na época que estamos vivendo, onde vemos o ódio estampado nos quatro cantos. Mas fica aqui uma sementinha e espero que você que leu até aqui plante no seu coração e também a espalhe.