POESIA

  Poesia. O que será a poesia? Será ela "agreste avena", ou "a eterna Tomada da Bastilha?"

     Segundo definição de Cassiano Ricardo a poesia é uma ilha cercada de palavras por todos os lados, ou melhor dizendo, é o gênero literário que descreve o Belo por meio de palavras, ou ainda, é a arte de escrever em verso.

     Essas as definições didáticas porque a mim me parece que a poesia é tudo isso sim, mas muito, muito mais. A poesia nasce de um sentimento interior que extravasa em forma de arte. Na verdade, ela está dentro de nós, e cada um a faz à sua maneira: como pode, como sabe, com os instrumentos de que dispõe, isto é a emoção que o toma em determinado momento.

     A poesia é a arte do Belo. Quem não a percebe na pintura, na escultura, na arquitetura? Os quadros de Monet retratando os jardins de Giverny são pura poesia; o Beijo de Rodin é um poema belíssimo; a Catedral em Brasília de Niemeyer encanta e eleva a alma.

     E como não notar a poesia que a natureza se encarrega de espalhar por toda parte? Desde que você tenha olhos para olhar em volta, vai descobrir que a poesia está presente no seu dia-a-dia:  um por de sol feito por "um pintor distraído que deixou cair o pincel e derramou essas cores que estão em todas as coisas, estão, até, lá no céu"; à noite a "Via Látea brilhando como um pálio aberto, que nos faz abrir as panelas para, pálidos de espanto, ouvir estrelas"; a imensidão do mar "verde, bravio, que de prata se reveste quando a lua esquiva e bela se espraia cansada na areia, nas águas serenas se despe"; uma rosa delicada que se abre no jardim erguendo o caule orgulhosa, pois "uma rosa não é só uma flor, uma rosa, é uma rosa, é uma rosa é a mulher rescendendo de amor".

 
(Esta crônica foi publica em 2006 e, por incrivel que pareça,
  não recebeu, sequer, um comentário. Que pena!)



 Paulo Miranda
Eu mal posso acreditar
e espero ser compreendido:
quando vieste de a publicar;
de amor eu já tinha morrido...