A Gata Morgana
A gata Morgana é amiga da Ventania. Está sempre perto de mim, foi a última sobrevivente dos 4 gatos que faziam parte de minha família.
Primeiro Nicolas Flammel partiu para o paraíso gatíneo, este era o Patriarca da turma, um senhor aristocrático branco com bolinhas pretas.
Depois foi o Benedito Sidarta, um gato preto que aprontava as piores calhordices, mas era um malandro à moda antiga, irresistível.
A terceira que foi para o paraíso era a gata Xamã. Essa era uma inesquecível amiga, fazia questão de puxar o edredom para cobrir-se e me trazia lindas folhas de presente.
Restou Morgana Lua, a mais velha, a mais faminta e mais arisca.
Nos olhamos nos olhos uma da outra e eu só pude dizer :- É, minha filha, sei que temos nossas diferenças, mas agora que seus irmãos se foram, sobraram eu e você somente.
Ela mordeu minha perna como a dizer : - Dane-se você!!!
E ousou festejar a morte dos irmãos feliz da vida pois agora era gata única, a suprema ventura, glória felina absoluta... Confesso que fiquei chocada com tamanha frieza, minha filha mais velha era uma psicopata ou psicogata sem coração, desprovida de sentimentos nobres.
Depois dessa decepção com uma criatura que vi crescer, tentando educar o melhor que pude, fiquei estupefata ao constatar que ela tornou-se uma gata mansa e extremamente carinhosa.
Antes era uma carniceira que adorava dar dentadas nas pernas dos que ficavam de costas, traiçoeira e ressentida com a indiferença humana.
Bom, agora ocupa a cadeira número 1 e tem uma série de regalias, como tirar umas sonecas na minha cama, além de bater na cadelinha aqui, uma inocente salsicha que leva golpes fulminantes do mais puro Karatê e chora de dar dó.
Morgana continua empedernida, mas aos poucos vou ensinando-a o que é compaixão. Os pássaros ela deixa comerem sua comida favorita, isso é um progresso no caminho do bem. Ela chega lá.