A PRAÇA DA MINHA INFÂNCIA

No final da década de 60, em Umuarama, meio norte paranaense, cidade em que nasci, havia uma praça com um parque infantil público, junto à rodoviária, nas proximidades onde eu morava. Tinha uma roda gigante, quatro balanços, um escorregador altão e um carrossel, daqueles de cavalinho, um aviário e um viveiro de cobras. Pensa numa experiência que me mudou a vida. Pois além da diversão aprendi a dominar meus medos.

Foi a primeira vez que rodei numa roda gigante, seis anos de idade. Quando cheguei lá em cima e olhei pra baixo entrei em pânico, a minha valência foi uma menina, um pouco mas velha que eu, que me acompanhava na cadeira. Ele falou apenas isso: “Calma que daqui a pouco baixa”. Eu me acalmei e rodei mais umas duas vezes.

Outro susto foi com as cobras. Essa mesma menina que me acalmou na roda gigante me chamou pra ir ver uma coisa ali. Pegou na minha mão e me arrastou e quando dei por mim estávamos perto de uma mureta e ela me mandou olhar pra baixo, numa cavidade no solo do tamanho, mais ou menos de um quarto, e lá embaixo muitas cobras, me assustei também, mas a menina me disse que não conseguiam sair de lá.

Brincar naquela praça para mim passou a ser rotina todas as manhãs com as outras crianças da localidade. Ah..! Ia me esquecendo, foi lá a primeira vez que aprendi a diferença entre homem e mulher.

Walquer Carneiro
Enviado por Walquer Carneiro em 30/10/2018
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