Refúgio

De repente eu vi uma estradinha. A única que me oferecia sair daquele lugar. Pus-me a caminhar e me deparei com muitos obstáculos. Ora eram galhos com grandes espinhos; outras vezes trechos com grandes depressões, voçorocas e terreno encharcado. Mas aos poucos fui notando que havia, nas margens, pessoas ali para ajudar-me. Para minha surpresa eram muitos, oferecendo água e alimentos ou estavam ali somente para ouvirem minhas angústias ou indicarem que era preciso persistir no caminho que, parecia-me, ia se estreitando a cada quilômetro percorrido.

Tive desânimo. Quis retornar. A vontade maior era sentar-me na beira e deixar-me ali para sempre.

Isso aconteceu várias vezes mas principalmente quando cheguei numa clareira, donde avistava uma queda d'água cristalina, árvores frutíferas de várias espécies onde uma gente sorridente parecia residir ali, tamanha a familiaridade com o lugar.

Contudo sentia que precisava avançar. Embrenhar-me na mata, pela senda estreita que penetrava nas sombras de árvores altaneiras, de copas imensas, onde era difícil até a luz do sol entrar. Mas segui em frente com a sensação de que era por ali que eu deveria caminhar.

Havia um trecho em floresta densa. Lá encontrei um ancião. Ele me deu a mão como se esperasse por mim há muito tempo. Deu-me água, comida, pouso e um pouco do seu silêncio particular.

Ainda caminho nessa estrada. Acredito que ainda tenho muito a palmilhar. O curioso é que embora não tenha informações claras, sinto que é o meu refúgio e eu sei onde ela vai dar.

Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 28/10/2018
Reeditado em 28/10/2018
Código do texto: T6488507
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