Rua de Servidão
Abro um vinho seco em um bar do campo, numa rua de Servidão. O extrator destroça a rolha e ficam partículas boiando no copo, míseras rascantes na garganta ativando a tosse, tudo foge à perfeição.
O mundo é imperfeito, a terra é azul e, a crer em Bowie, não há nada que se possa fazer sobre; agora, sobre a imperfeição do mundo não sei.
O homem carrega dentro de si uma instabilidade essencial (Charcot). Tem a ver com isso muitas vertentes e uma que penso por vezes, ilustrando, é a arte, a extrema dificuldade por exemplo, que grandes atores encontram em sair da personagem, só que esta dificuldade extrema está intimamente ligada ao talento – Marlon Brando não se transformou em Don Vito Andolini Corleone; continuou Marlon Brando. Já Pernell Roberts será para todo o sempre Adam Cartwright. Exegeses!
A cada segundo meu tempo me ultrapassa e o que fica a distância não traduz. É a solução mágica do desfazer-se pra reencontrar o sólido, ávida palavra, em si.