A ERA PAVAROTTI

A voz do tenor modulou um tempo. É como se ela jamais cessasse, entoada forte, livre, tomando conta dos ares durante gerações. As gerações da ópera tornada popular na união dos três cantores de voz privilegiada, que sobrepujaram as resistências e souberam penetrar o show business, atraindo multidões por onde se apresentassem.

Estranha sensação toma conta da gente quando se vai um, que por algum motivo mexeu com nossas emoções, entrou tão intimamente em nós sem que conscientemente nos déssemos conta disso. Pavarotti com seu vozeirão foi um caso assim. Havia qualquer coisa no seu timbre, independente da sua figura, que tocava misteriosamente nossa alma, dimensões do nosso ser que se contatava com as áreas de reconhecimento do belo, do divino, capaz de nos elevar a planos superiores.

Difícil explicar o magnetismo do artista. Seria a capacidade de entrega total à música? Quando ele se apresentava, era fácil perceber que naquela hora a única coisa que importava era seu canto, a integração perfeita da sua voz aos acordes da orquestra. E o quadro se completava com a platéia também entregue em comoção com a harmonia, a beleza, numa viagem em uníssono de artista, orquestra, ouvintes. E o espetáculo, mesmo depois de findo, ecoava no tempo, perpetuando o momento de extrema beleza, a sensação de termos estado numa dimensão que transcende a realidade objetiva.

Foi-se o homem, mas o artista permanecerá ainda modulando nosso imaginário. Ficam as gerações que ele soube cativar com seu canto extraordinário. A sua arte permanece e sua voz continuará encantando o tempo dos que ficaram.

Sempre que desaparece alguém que tão genialmente soube exercer um dom, penso que há pessoas que deveriam ser eternas, que não deveriam morrer jamais. Pavarotti nos deixou em 06/09/2007 e por mais que a tecnologia o torne sempre presente, a energia que ele emanava é insubstituível.

12/09/2007

CARUSO

Qui dove il mare luccica,

e tira forte il vento

sulla vecchia terrazza

davanti al golfo di Surriento

uno uomo abbracia una ragazza

dopo che aveva pianto

poi si schiarisce la voce,

e ricomincia il canto

Te voglio bene assai

Ma tanto tanto bene sai

É una catena ormai

Che scioglie il sangue tinto vene sai...

Vide le luci in mezzo al mare,

penso alle notti là in America

ma erano solo le lampare

e la bianca scia di un'elica

senti il dolore nella musica,

e si alzo dal pianoforte

ma quando vide uscire

la luna da una nuvola,

gli sembro piu dolce anche la morte

guardò negli occhi la ragazza,

quegli occhi verdi come il mare

poi all'improvviso usci una lacrima

e lui credette di affogare

Te voglio bene assai

Ma tanto tanto bene sai

É una catena ormai

Che scioglie il sangue tinto vene sai

Potenza della lirica,

dove ogni dramma è un falso

che con un po' di trucco e con la mimica

puoi diventare un altro

ma due occhi che ti guardano,

cosi vicine e veri

ti fan scordare le parole,...

Confondono i pensieri

cosi diventa tutto piccolo,

anche le notti là in America

ti volti e vedi la tua vita,

dietro la scia di un'elica

ma si, è la vita che finisce,

e non ci penso poi tanto

anzi, si sentiva gia felice,

e ricomincio il suo canto

Te voglio bene assai

Ma tanto tanto bene sai

É una catena ormai

Che scioglie il sangue tinto vene sai

*****

Nessun Dorma

Nessun dorma! Nessun dorma!

Tu pure, o, Principessa,

nella tua fredda stanza,

guardi le stelle

che tremano d'amore

e di speranza.

Ma il mio mistero e chiuso in me,

il nome mio nessun saprá!

No, no, sulla tua bocca lo diró

quando la luce splenderá!

Ed il mio bacio sciogliera il silenzio

che ti fa mia!

(Il nome suo nessun saprá!...

e noi dovrem, ahimé, morir!)

Dilegua, o notte!

Tramontate, stelle!

Tramontate, stelle!

All'alba vinceró!

vinceró, vinceró!

ENGLISH

No-one sleeps....no-one sleeps,

Even you, O Princess,

in your cold room,

Watch the stars

which tremble with love

and hope!

But my secret is locked within me,

no-one shall know my name!

No, no, I shall say it on your mouth

when the light breaks!

And my kiss will break the silence

that makes you mine!

(No-one shall know his name,

and we, alas, shall die!)

Vanish, o night!

Set, ye stars!

At dawn I shall win!

Ninguém durma! ninguém durma!

Tu também, ó princesa, na tua fria alcova olhas as

Estrelas que tremulam de amor e de esperança!

mas o meu mistério está fechado comigo,

O meu nome ninguém saberá!

Não, não, sobre a tua boca o direi,

Quando a luz resplandescer!

E o meu beijo destruirá o silêncio que te faz minha!

O seu nome ninguém saberá ...

E nós deveremos, ai de nós, morrer!

Morrer!

Desvaneça, ó noite!

Desapareçam, estrelas!

Desapareçam, estrelas!

Pela manhã vencerei!

Vencerei! Vencerei

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