A crônica que eu não deveria deixar de escrever
É possível que eu tenha eventuais leitores. Um ou outro aluno, um ou outro ex-aluno talvez me leiam de vez em quando. Aqui mesmo neste Recanto, angariei leituras esporádicas. Nada de grande repercussão. Portanto, ninguém espera que eu me manifeste especificamente sobre nada. Até porque, escrevo, quase sempre com mais limites que virtudes, sobre temas corriqueiros, atemporais.
Portanto, o senhor Fernando Haddad não ficou mais de vinte dias esperando por esta crônica. Mesmo porque, estivesse eu na Europa (aonde nunca irei), e a enviaria de lá. Tampouco o senhor Bolsonaro a aguardou, pois eu já escrevi – pouco na verdade – sobre Lula e Dilma. Seria fácil para ele saber das minhas preferências.
Minha manifestação - estou certo - representa nada neste turbilhão de falas, desavenças e ódio. Este último, tenho muita esperança, conseguiremos dissipar de nosso convívio.
Com todo respeito aos educados leitores, jamais imaginei que esta fosse uma eleição difícil para o Haddad. E, se assim digo, refiro-me às falas pretéritas do Bolsonaro. E elas estão aí, para todo mundo (literalmente!) ver e ouvir.
Então, no meu juízo singelo, achei que as pessoas não teriam dificuldades na sua decisão. Iriam, quase que naturalmente, para quem lhes oferecesse mais leveza, mais tranquilidade, mais certeza de que não serão perseguidas por suas ideias, por sua cor, por sua opção sexual... Tenho visto que o senhor Bolsonaro – lá do seu gabinete – tem-se preocupado em corrigir-se, em apresentar-se mais palatável, mais leve.
Tenho visto, também, que ele sempre escorrega e acaba corroborando aquele deputado de fala solta que nos causava apavoramento e que, agora, é perdoado por milhões de pessoas.
Agora, há pouco, no Jornal Nacional, ele já faz censura às escolas – criticando os currículos, que, na sua visão, formam esquerdistas. Na verdade, a escola, democraticamente, está formando pessoas afinadas com a esquerda e com a direita, haja vista o contingente de jovens que se identificam com as ideias dele.
De minha parte, já tomei decisão pelo Haddad, sobretudo pela democracia que ele representa. E, caso o senhor Bolsonaro se eleja, continuarei brasileiro, torcendo por ele, pela democracia e para que ele, bem assessorado, reveja certas posições que amedrontam os milhões que lhe negarão o voto.
Que, em futuro bem próximo, continuemos convivendo com o contraditório e as contrariedades que a vida democrática oportuniza a quem ama verdadeiramente a democracia!