Mas perdão de quem?

O sangue lhe fervia durante a noite. Nada mais do que pudesse ser dito valia a pena dizer. Quando naquele momento lembrou de tempos mais verdes, quando a felicidade não era pensar aquela face embaçada pelo corromper do tempo.

Olhando para aquela foto, uma lágrima lhe escorreu pelo rosto. Que destino indigno este que escolheu. Deixar para trás aquilo que era seguro e certo em troca de aventuras e incertezas.

Lembrou do dia que saiu e não mais voltou. Sentiu o coração apertar. O motivo da revolta já nem sabe qual é. Quem consegue rememorar o que não existe mais?

Quem sabe nem fosse bom assim. Temos nossos defeitos e todos sabem que a memória costuma ser seletiva. Quem busca recuerdos da rosa murcha ante a exuberância do perfume da juventude?

Só resta agora lamentar pelo que não foi. Talvez recriminar-se por uma decisão impensada. Faltou calcular as consequências das atitudes. Mas como podemos pensar o passado com a cabeça de hoje e chegar à resultados lógicos? Tudo está apagado, não há nada a se fazer.

Sempre existe a nostalgia. Os bons tempos sempre existirão em nosso coração. Mas que mentira. Não existirão no meu caso, pois o remorso apagou tudo. Não pude aguentar a feiura que eu mesmo produzi.

Agora resta o perdão. Mas perdão de quem?