Fui comissária de bordo por alguns anos, vivi intensamente cada voo, conheci lugares incríveis e trabalhei muito. Virei noites, escutei idiomas, vi pessoas de todos os tipos; conversei com algumas, partilhei histórias, e com outras apenas observei e aprendi.
Sinto saudades das ruas, temperaturas e estações; sinto falta do cheiro das cidades que aos poucos aprendi a identificar. Gosto de aromas, associo cenários, pessoas e fatos às lembranças de alguma peculiaridade. Belém do Pará, por exemplo, para mim tem cheiro de andiroba, copaíba, ervas e chuva fininha. Cheiro de natureza, mãe terra. Sem exageros, meu saudosismo gera instantes mágicos, são recordações confortáveis e boas de lembrar. E outras nem tanto, mas também estão lá, fazem parte de uma existência bacana. Plena.

A vida passa, e depende apenas de como consigo perceber, e estar realmente presente, o que significa prestar atenção às pessoas e situações. Parece simples, mas quantas vezes você se pegou ‘’viajando’’ durante uma conversa? Sim, isso acontece comigo, chamo de ‘’um corpo presente’’. Fico feliz quando percebo a tempo e volto, a realidade não anda lá essas coisas, mas ainda é a minha realidade. Violenta, preconceituosa, generosa, turbulenta, racista, bonita, oportunista. O foco, enfoque e as atitudes, são minhas e de mais ninguém.

E isso tudo é para dizer que todas as pessoas que de alguma forma fizeram parte dessa história, minha história, foram importantes. Muito importantes. Independente de gênero, raça, classe social, cor, credo, ideologia, tribo e convicção. E não me imagino vivendo de outra forma, quero a liberdade de interagir e agregar. Agregando vivências e acolhendo vidas
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Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 26/10/2018
Código do texto: T6486722
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