Piauí um estado longe daqui
Esqueçam os mortos do Jenipapo. Deixemo-los em paz, valentes, orgulhosos, verdadeiros piauienses guardados na história e longe desta mentira chamada administração pública. Os palanques hoje não são dignos de suas presenças, nem as vozes profonantes que por ventura busquem apoio em suas aguerridas lutas e tombos, num desesperado apelo de cópia envolvendo-se de seu heroísmo, queiram através de palavras fundadas em aparências, prolongar o ceticismo emanados de cada promessa oral ou escrita, próximas da incredulidade total e longe de uma realidade realizável. Somos poucos assim como vocês, é verdade. No entanto, somos também anjos tortos, envolvidos em seus sonhos e direcionados liricamente pelo sol do equador, caminhando em dificuldades pelos becos estreitos da razão, almas cheias de projetos tropeçando em salas vazias da educação. Somos litorais adentrando o meio urbano da incompreensão sórdida que nunca fizeram parte de seus ensinamentos. Somos sim, parte de sete cidades, mas nunca fantoches de um estado organizado longe do ouvido popular, das opiniões coerentes do que de fato deva ser. Somos rios fluentes navegando em direção ao delta das variações incertas, pudera também sermos barcos anfíbios invadindo como serafins atropelando palácios e dos escombros inundar de esperança o chão dessa gente. Somos residentes nordestinos, vaqueiros decentes seguindo e apoiando o destino correto e orientado pela boiada, diferentes dos animais de cabresto domados e guiados a esmo pelos mesmos combatidos há anos pelos heróis do memorial. Somos capivaras indomáveis de berço americano desenhando em rochas e redes sociais, manifestações conscientes de um futuro que parece incerto, numa terra sem dono. Não, vocês nunca estiveram a sós, somos todos filhos do sertão, da caatinga semeada de aves de rapina e gente de bem, embora estrangeiros da estrada, juntos estaremos sempre nesta terra, no meu Piauí, um estado longe daqui.