OBRAS LITERÁRIAS NA TELA - Ialmar Pio
OBRAS LITERÁRIAS NA TELA
IALMAR PIO SCHNEIDER
Ainda que seja um avanço excepcional da tecnologia, a televisão não me parece contribuir de forma satisfatória com a formação pessoal do indivíduo. Basta ver os programas que apresenta sem nenhuma lógica e, o que é mais grave, penetrando nos lares com cenas de violências atrozes e de sexo quase que explícito, que crianças de tenra idade assistem como se fosse a coisa mais natural do mundo. Não é meu propósito, aqui neste texto, dar uma de puritano, mas considero além do limite aceitável essa apelação sensual exagerada das novelas e dos filmes eróticos. Neste sentido tem-se verificado também a guerra por audiência, cada qual querendo descer mais à baixaria, sem atentar para os princípios da ética e até da moral.
Há algum tempo li um pensamento, foi na contracapa de um caderno escolar, que a priori me soou como piada, mas depois verifiquei que continha muita razão. É o seguinte:
“Considero a televisão muito educativa. Cada vez que alguém na sala liga o aparelho vou para o quarto ler um livro”. Groucho Marx (1890-1977) -
Comediante americano.
Apesar de pouco conhecer a respeito do autor, é possível notar que o mesmo preferia uma boa leitura a um programa televisivo enfadonho que não acrescentava nada. Aliás, tinha o motivo de despertar-lhe a vontade de procurar um livro no qual encontraria o que lhe interessava aprender, tanto para educação quanto passatempo. Também sei que é difícil assim proceder, pois a curiosidade é inerente ao ser humano e a telinha da televisão é um chamariz poderoso. É a modernidade que atrai a todos.
Tempos atrás houve uma novela baseada no romance de Érico Veríssimo, Olhai os Lírios do Campo, que foi muito bem encenada e segundo me consta teve ótima aceitação. Quando a história traz uma mensagem de solidariedade humana o sucesso é natural, como aconteceu com o livro em 1938, tornando o nome do autor largamente popular em todos os pontos do País. Depois veio a minissérie de O Tempo e o Vento, da monumental obra de nosso escritor maior, narrando desde os primórdios da formação rio-grandense. Tivemos ainda o Incidente em Antares, do romance homônimo. Ouso escrever que essas produções foram satisfatórias e me proporcionaram horas de lazer prazeroso. Isto se deve, não só por haver lido os livros, mas também por se tratar de temas ligados à terra gaúcha. Geralmente, no meu entender, as obras literárias de valor quando transpostas à tela do cinema ou televisão conseguem ser bem-sucedidas e aceitas pelos telespectadores.
Por enquanto me restrinjo a esses três exemplos, embora pudesse mencionar inúmeros de outros autores, que atingiram seus objetivos de levar o entretenimento sadio e cultural às pessoas de todas as idades.
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Poeta e cronista
Publicado em 04 de outubro de 2000 - no Diário de Canoas