“SER NEGRO”: UMA REFLEXÃO TEÓRICA

O Prof. Dr. Eugênio Rezende de Carvalho promove um diálogo teórico sobre a superação do essencialismo, promovendo ruptura na falsa dicotomia identidade coletiva verso identidade individual.

Destacando em sua discussão, a contraposição entre Sérgio Costa e Joaze Bernardito. Objetivando a desconstrução e a construção do termo “ser negro”.

Sérgio Costa descreve a construção da ração negra no Brasil. Apresentando a desigualdade social que marca os limites entre brancos e não brancos. Um estudo racial que não se utiliza de conceitos biológicos. Enfatizando a ampliação da visão conceitual das identidades sociais e suas influências no contexto sociopolítico.

Joaze Bernardito, diferentemente de Sérgio Costa, nos apresenta um contexto que pauta as relações raciais, marcadas pela popularização da crença tanto no mito da democracia racial, quanto no ideal de embranquecimento.

Enfatizando a emblemática classificação negativa para os negros no Brasil. Bernardito, destaca a busca de militantes negros, objetivando a minimização da desigualdade, revalorizando a identidade negra. Não mais classificando os negros simplesmente pela cor, apontando a sua grandiosa contribuição como sujeito do processo histórico social.

A cor da pele, de atributo simplesmente biológico, assume um conteúdo cultural, social e moral em um imenso conjunto de quali' cativos inferiorizantes. Esse processo aconteceu, principalmente, com os fenotipicamente negros ou de pele mais escura, que não podem “disfarçar sua origem racial”.

Depois da segunda guerra mundial e do extermínio de milhões de indivíduos e povos, a antropologia promove uma abertura da mentalidade, passando a seguinte mensagem: Em todas as culturas encontramos valores positivos e negativos, se certas normas e práticas nos parecem absurdas, devemos procurar o seu sentido integrando a totalidade cultural, tornando legítimo optar, por exemplo, por orientação cultural não só daquela em que fomos educados, buscando questionar determinados valores vigentes, respeitando o outro.

A defesa legítima da diversidade cultural conduziu, contudo muitos antropólogos atuais a enxergarem a diversidade das culturas e das sociedades. No decorrer da análise podemos concluir que não existem valores universais ou normas de comportamentos válidas independentemente do tempo e do espaço.

São tantas as mazelas sociais que circundam a nossa sociedade moderna a qual evoluiu as técnicas, os mecanismos; no entanto, estagnou-se com relação à forma de pensar os conceitos de cor, sexualidade, e padrões sociais.

Dentro deste contexto fica claro que as características sócio-culturais foram de suma importância para concretização da análise dos grupos afro-brasileiros.

Em meio a esta discussão podemos citar Maria Firmina dos Reis, que em seus romances afro-descendente, além de dar voz ao negro, o tornou protagonista dos processos históricos, entoando o grito de basta, mesmo que abafado por uma sociedade inescrupulosa, machista e etnocêntrica. Em sua escrita a liberdade, a ousadia que não só pauta a descrição do horror da escravidão, mas focaliza a construção de uma história antes apagada, excluída dos registros historiográficos brasileiros.

Em suma, podemos afirmar que um sonho pode mudar a história de uma geração, através da arte de escrever que em minha opinião é uma forma de revolução, podemos construir um país sem “opressão”, rompendo com os paradigmas da democracia racial.

Dhiogo J Caetano
Enviado por Dhiogo J Caetano em 21/10/2018
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