Reflexões Teóricas
Quem somos? De onde viemos? Quantas perguntas formulam o contexto humano,indagações colocadas em debates para suprir as lacunas existentes no processo histórico. O homem precisa descobrir o caminho para o progresso da sua visão de mundo, rompendo com o existencialismo.
Qual é a imagem que temos da África? A África só existe para explicar a origem dos negros na formação da sociedade humana?
As professoras Patrícia da Silva Soares e Eliesse dos Santos Teixeira Scaramal nos apresentam um apanhado de informações que visa destacar as tecnologias e os saberes africanos e a história da África no debate da vida cotidiana.
A África é uma amplitude, marcada pela diversidade cultural, diversidade ecológica, pelas diversidades. Precisamos romper com a “única história” que na África é local de negros/escravos para trabalhar na plantação.
A professora Patrícia nos desperta para a construção desta ideologia. Como afirma Clarles Darwin (1871), “a África é o berço da humanidade”. Mas infelizmente desde o primeiro contato com a África, o olhar ocidental designou ao continente a posição de inferioridade, uma característica apropriada e utilizada pelo discurso político-ideológico.
Como afirma a professora Eliesse, para se conhecer o continente africano é preciso desconstruir os estereótipos, estudando a cultura dos povos que ali viveram e vivem as regras e contextos organizacionais, destacando a oralidade, as técnicas e tecnologias que forjaram as grandes civilizações africanas.
Inúmeros historiadores nos alertam sobre a necessidade da desconstrução da ideia de homogeneidade do continente africano. Visualizando uma África além da fome e da miséria, esquecendo das savanas habitadas por animais como girafas, leões e zebras; onde predomina o deserto desolador. Convido você para ver uma África, além do etnocentrismo e das visões eurocêntricas difundidas ao longo dos séculos.
Eliesse propõe-nos uma fuga do esquematismos desenvolvimentista, teleológicos e etnocêntricos, optando por um estudo das conferências e dos tratados que foram de suma importância para estruturação da África. Geograficamente a África está dividida em: África Central, África Austral, África Oriental, África Ocidental e África Setentrional.
Até quando a história africana será difusa dentro de uma abordagem errônea? Despertamo-nos rumo a desmistificação dos preceitos e dos preconceitos.
O Brasil é mais negro que a própria África, porém a história da África quase se extinguiu do estudo e no ensino de História do Brasil. Já afirmamos anteriormente que a história africana é indispensável para a nossa compreensão da história da humanidade. Cabe aos antropólogos e estudiosos da cultura registrar e analisar as manifestações e contribuições, portadoras de elementos africanos.
Para Henrique Cunha Júnior, “o elemento básico para introduzir a história da África é a desconstrução e eliminação de alguns elementos básicos das ideologias racistas brasileiras”.
A história que ainda se apresenta no Brasil, é recheada de ideias errôneas, não parecendo nem se quer as profissões exercidas pelos africanos e afrodescendentes de escravizados ou livres. A ideia de “escravo” limita o rompimento com os fatores incultos.
É visível que a migração forçada dos africanos promoveu mudanças drásticas em todo o globo terrestre, nos diversos campos do conhecimento: da mineração, da construção, da engenharia civil, das artes, da arquitetura, da agricultura etc.
Em suma, podemos afirmar que a cada passo realizado revela-se a presença do conhecimento africano e suas intervenções diretas na construção da história total.