Verdades vividas. Estranha forma de viver!
Conheci-o muito bem.Ouvi as suas histórias,verdadeiras,mais parecendo
um filme de alguém que sonhando apenas queria transpor para a realidade sonhos.
Mas não. Era a verdade.
Dizia com convicção que jamais fora feliz.Mas logo emendou.Foi feliz os anos que viveu junto daquela a quem mais amou! Desse tempo:curto tempo, memórias ficaram naquele corpo já velho, cansado, mas vivo. dizia ele que nem sabia se vivia.Dizia apenas , eu ando por aí.
Sentado numa cadeira,mãos na cara tapando os olhos foi falando,vidas vividas há dezenas de anos desfilavam por suas palavras como se passadas fossem nesse instante. Falou.Falou mais de três horas. tirou a carcaça da sua vida do seu passado. Era-mos amigos.Já aqui não está. Que vida: que história mais linda,que dias de pesadelo e mistério eu ouvi. Cheguei a duvidar.Mas não, era verdade.
Não cabe aqui nestas simples palavras minhas,dizer tudo que esse meu amigo disse. Não me senti com autoridade para dizer alguma palavra.
Falou,sempre na primeira pessoa.Disse nomes, Terras distantes.Outras gentes outro viver. Viveu mais de 40 anos noutro continente.
Aí fez amigos que o estimavam.
Ele precisava de falar,precisava de dizer o que lhe ia na alma.Não era um peso,era uma necessidade.
Falou,com se estivesse a ler um livro.Esse livro era ele mesmo,as suas recordações. Quis compartilhadas comigo,tenho a certeza que muito mais haveria para dizer. A certo momento calou-se.Como acordando de um sonho,disse apenas.Perdoa o tempo que passas-te a ouvir!
Sei que essas palavras,esse desfilar das contas do
rosário de uma vida, lhe deram alguns descanso.
Talvez quem sabe, lhe amenizasse a solidão que se via nos seus olhos. Despedimo-nos como se nada se tivesse passado.
Os verdadeiros amigos são assim mesmo!