ACALANTO PARA DIAS DE SAUDADE

O barulho da chuva abafa o barulho do mar, apesar das ondas fortes. As goteiras roubam a cena e se sobressaem, interferindo na inútil tentativa do Silêncio pernoitar.

É madrugada...

A casa parece a mesma: a pitangueira no portão, os sombreiros; de madeira: as janelas de venezianas e os armários suspensos; de natural: os pezinhos de cebola-alho e as lagartixas habitando os cantos da casa.

Enquanto observo a inércia das coisas, muita cor e movimento preenchem o ambiente central - pessoas, em seus trajes leves ou de banho, atravessam a sala-cozinha em busca de água ou em busca de esteira para sossegar a preguiça dos dias de férias.

Uma semana, uma vez ao ano, um feriado. Uma lembrança... Lembrança sorridente de um dia feliz!

Olho através da porta, na penumbra da noite. Não consigo vê-los, nem ouvi-los. Sala-cozinha vazia. Foram, cedo, embora! Foram com o sol... O mar lambeu suas pegadas na areia. O vento carregou suas vozes para longe.

Fecho os olhos na tentativa de ouvir melhor! Quem tenta falar comigo é o Silêncio, interrompido pela chuva e suas goteiras.

De repente, para a chuva e as goteiras cessam: ouço o mar... Acalanto para uma noite de saudade!!

Elenize QZ.

15/10/2018

Izenetti
Enviado por Izenetti em 18/10/2018
Reeditado em 18/10/2018
Código do texto: T6479575
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