O outro lado do rio
Observar as águas de um rio a correr, sejam essas águas um espelho plácido ou mesmo uma correnteza estrondejante, é uma das coisas que mais gosto de fazer (dentre essas coisas estão: comer araticum no pé, saborear suco de siriguela, degustar um bolo de aipim e dormir impregnado com o cheiro fresco dos cabelos de minha amada).
Quando criança eu costumava ficar dentro das águas escassas do rio Real, em Tobias Barreto, com uma varinha enfiada em seu solo raso, apreciando a viagem interminável de sua corrente.
Anos depois, lendo o livro "Sidharta", a magnífica poesia biografando o Buda, escrito pelo alemão Hermann Hesse, deparei-me mais uma vez com a mesma e recorrente significação da parábola do rio: a representação de nossas travessias na vida.
Cada um de nós deve atravessar os seus rios, incansavelmente, a superar os nossos obstáculos interiores quantas vezes isso for preciso.
João Bosco