“Dia do Professor”
Às vésperas de mais uma eleição presidencial, não me esqueço: a história, nos mostra que nada foi conquistado pelo povo sem luta. A opressão do mais forte sobre o mais fraco, do rico sobre o pobre, do que manda sobre o que cumpre ordens é, sem dúvida, nossa maior ferida. Somos sim, maiorias e minorias numa sociedade dividida em classes, trabalhadores que movem este País. Mas nos falta a consciência sobre nossa própria força, e impotentes diante da capacidade de luta, muitas vezes preferimos o caminho mais fácil: dizer que não tem mais jeito, ou seguirmos atrás do Trio Elétrico, porque atrás dele só não vai quem já morreu.
Quando arriscamos ainda algum grito casual, este tem vida curta. Resignados, conformados, vamos pro nosso canto a maldizer nossos opressores, até que a vida nos arrebate para mais um circo, ou mais uma ciranda. Ponto final e pronto! O que aconteceu com nossa capacidade de indignação? Essa pergunta não é original. Já foi feita por alguns, mas talvez a pressa nos impeça de esperar pelas respostas: a vida corre célere e não há tempo para muitas indagações. A capacidade de pensar e refletir também se perdeu em algum lugar.
O ato perverso de domínio do mais forte sobre o mais fraco conhece todas as formas de oprimir. Sabe vencer o povo para destruí-lo, jogando semelhante contra semelhante. E é justamente desse jogo de divisão que se serve a bancada mais antiga e mais cruel de que se tem notícia: espalhada a discórdia, vencer é tarefa fácil. Contudo, ainda sou esperança, porque nasci professora, mesmo não sendo mais das salas de aula. E quem nasce professor, vai morrer assim, sempre acreditando que a Educação transforma. E transforma pela paz, pela luz, pela liberdade que há no ato de educar.
Hoje é “Dia do Professor”, e o PROFESSOR será largamente lembrado em todas as mídias como merecedor de valorização e respeito. Será aplaudido em todos os meios de comunicação e mensagens de felicitações correrão por aí a reverenciá-lo pela grandeza de sua profissão. Mas amanhã (só porque hoje não tem aula) muitos continuarão a ser espancados em seu legítimo território de trabalho — alguém conhece alguma categoria onde os profissionais são espancados e só lhes cabe a solidão e o desamparo? Eu não tenho nenhuma notícia sobre isso.
Mais que me desgastar pela causa de governos que não mudarão grande coisa em nossa realidade, emprego meu tempo em pesquisar suas trajetórias e ler seus Planos de Ação —Aliás, espero que todos que se dão de corpo e alma em prol de seus candidatos já tenham baixado seus Planos de Governos para estudá-los minuciosamente. Eu tenho feito isso, e sinceramente não encontrei nada mais profundo que fale, por exemplo, em valorização do Profissional da Educação. Muito pelo contrário, vejo, sim, professores sendo usados apenas como instrumento pela disputa eleitoral. Como Professora que sempre serei, não posso compactuar com isso: do contrário que lições teria para ensinar aos filhos do povo, que são realmente para quem trabalho?