De olhos fechados
Não sei e nem falo de política rasteira; quem ganhou que leve! Falo do conceito, e é aí que a banda desafina; o Brasil perdeu seu ponto quando, desanexado do reino de Portugal, sobreviveu a isso, mas não aproveitou a onda. Era isso ou seguir exemplos de primeiro mundo; ficamos nisso.
Depois o império, míope, que teve o poder nas mãos e naufragou. Há, dizem, registro de uma frase antológica de Isabel quando esta teria dito no cais da deportação “quem cuidará dos meus pobres?”. Existe frase mais louca do que essa (se é que realmente foi dita) atribuída a quem foi atribuída?
Os “monarcas” poderiam ter se tornado pessoas nobres (o que nunca foram) com uma simples canetada assim que o Pedro segundo se entendesse. Não canetou, manteve a condição absurda da escravidão e, quando finalmente houve a canetada (forçada pelos ingleses e sua premência de abrir novos mercados), soltou os pobres da “princesa” sem pagar nenhum direito trabalhista. A dívida tai, exposta nas esquinas e becos do país.
Bom, isso é remoto – mas nem tanto – só que nos anos 90, previsto na constituição, o Brasil teve outra chance de ouro: decidir entre o Presidencialismo, o Parlamentarismo ou a “Monarquia”. O Parlamentarismo era o caminho natural, era o país finalmente acertando o rumo, mas não. Candidatos a Presidente, eternos candidatos, lutaram pra manter o tal Presidencialismo, movidos apenas por interesses pessoais – afã de chegar ao poder pra mostrar que chegou e “enricar”, enriquecer a prole, os amigos e quem mais queira ou possa pegar uma rabeira nessa moleza toda.
Ah, e não contentes, ainda criaram o 2º turno nas eleições, pra dividir o país em dois, perdedores e ganhadores predadores, sem meio termo, que é pra não deixar ninguém tranquilo. Dies irae!