Era uma vez um perfil no Instagram, nasceu há anos e anos, quando ainda nem era muito conhecido por aqui. Tinha mais de 1.500 fotos e postagens. Muitos textos, alguns salvos e outros não; agora irremediavelmente perdidos. 
Quem excluiu? Não fui eu, mas a tecnologia diz que sim e não há como argumentar. Sofri, deu uma tristeza imensa, mas tô viva e vou começar tudo de novo. Hora de praticar a compaixão e acolher essa dor e apego. E de avisar às pessoas que vamos começar tudo de novo.

Uso as redes sociais para compartilhar minhas experiências, no intuito de divulgar as práticas de mindfulness e meditação, para ajudar pessoas que como eu, precisam conviver com doenças autoimunes e dor crônica. 
Mas quem escreve também deseja divulgar ideias e ideais; quer manisfestar o pensamento através da palavra e levar sua voz mais longe, e é preciso falar sobre o sofrimento dos pacientes sem tratamento, da falta de medicamentos e do abandono. 

Meu comprometimento é social e cultural, nesses momentos sinto uma certa angústia de quem já viveu uma fase onde quase nada se podia falar. Não estamos tão distantes assim, moro nesta cidade que na verdade abriga várias cidades, cada qual com a sua realidade, hábitos e estilo de vida.
Uso sempre o exemplo do subúrbio, é a minha realidade e sinceramente fico muito triste.  Deste lado de cá do túnel parece cenário de filme de terror, tudo feio, pixado, abandonado e destruído. Craqueiros nas esquinas, pivetes nos sinais, sem teto vagando de um lado para o outro. 
Do lado de lá do túnel, luz clara, gente bonita passeando, alguns pivetes e craqueiros, mas não tantos quanto os daqui, e todos são cariocas. E alguém vê isso? fala disso? se preocupa com isso? 
E então? Um perfil social faz diferença?  Pelo visto, não.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 13/10/2018
Reeditado em 15/10/2018
Código do texto: T6475019
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