Submissão.
Muito me surpreende ver pessoas submetidas a algo ou alguém, fazendo com que esta palavra que a considero tão abstrata se personifique de forma tão concreta num olhar ou num gesto qualquer.
Estava eu num café quando me entra um casal jovem composto por um homem e por uma mulher, eu, de óculos escuros, postura ereta e de expressão séria aparentando ser um cego que enxergava para além daquilo que um ser humano normal poderia enxergar, começo a ver a submissão daquela mulher para com aquele homem, mergulhei no mais profundo patamar que aquele amor falido poderia se encontrar, a insegurança daquele rapaz era expelida pelos poros, principalmente quando entrava um homem no estabelecimento, neste momento, ela olhava para a parede fixamente, seu globo ocular não se movia, pois qualquer movimento seria um motivo para que o seu opressor a julgasse como uma vadia, deve ser terrível não poder olhar para os lados, não poder admirar a beleza de outras pessoas e nem sequer fazer novas amizades porque existe um homem no comando a ditar ordens e regras impostas por ele.
Realmente a submissão é algo impressionante, você vive como uma folha seca, inerte, sendo jogada (o) de um lado para outro pelo vento e que dependendo da sua velocidade à sua sentença de morte.
Ninguém nasceu para estar submetido a nada e nem a ninguém, a não ser que esta submissão lhe convenha para aquele momento ou para aquele contexto do qual você se encontra, sejamos submetidos a natureza, ao mundo, ao universo e a coisas que nos façam bem e não a pessoas.
Pessoas são como abutres que só atacam o seu alvo quando este já está morto, podendo assim comer toda a sua carne sem nem sequer o mesmo poder se defender.
Estar numa penitenciária em cela isolada se tem muito mais liberdade do que está submetido a alguém.
Ela não podia mexer os olhos, qualquer movimento seria fatal, dona de um belo sorriso ela não não podia sorrir.
Nunca se submeta a ninguém, pois está submetido é estar crucificado numa cruz com pregos nas mãos e nos pés.
Velto Silva