Devoto de São Bento de Sorocaba
Pequenino, por ligações familiares, frequentava a igreja católica no tempo em que praticamente todo brasileiro frequentava a igreja Católica, mas, por uma dessas banalidades que nos direcionam para o mundo, raramente – mesmo nos ambientes ditos sagrados – eu me desligava do futebol.
Aos domingos de manhã, após a missa, o padre querendo tirar onda de bem relacionado com a garotada, à porta da igreja nos reunia e fazia perguntas, entregava santinhos e esperava, na despedida, um “bença” padre e beijos nas mãos perfumadas, eca!
Eu, loirinho de cabelos encaracolados, doido pra ir pra rua jogar uma pelada, não via a hora de ser dispensado do beija mão (que eu nunca beijava, só aproximava, fingia e corria pra fora); lembro-me de um dia em que o padre (Jair, se não me engano), acariciando meu cabelos, perguntou “e você, Luizinho, de qual santo você é devoto?”.
Penso que devoção aos santos era o assunto, mas eu não estava prestando a menor atenção, na pressa respondi: São Bento de Sorocaba.
Quem entendeu riu, quem não entendeu ficou na mesma, o padre então me olhou com olhos de repreensão, mas eu não esperei nada não e sai correndo.
Enquanto corria pra buscar a bola que estaria provavelmente esperando ansiosa em um canto qualquer do jardim, pensava – ainda bem que eu não falei que era o Santos ou ele iria pensar que eu sou beato; é muito santo.
Futebol na veia era o que eu tinha naqueles bons tempos em que o futebol do interior de São Paulo era o que era e não é mais, mas inda tenta.