Outros ares, mares...
Em breve pisarei outras terras, estarei sob outro teto azul, e outra luz iluminar-me-á o dia.
Não estou indo embora pra Pasárgada, pois, dentre outras razões, aqui eu não sou infeliz, tampouco, estando lá, tenho pretensões de ser amigo do rei - contudo, acaso lhe agrade a minha amizade, assim como a todos faço, não a negarei.
Sei que o olhar distante me fará perceber o que aqui muitas vezes meus olhos não viram a um palmo do meu nariz. Talvez, em parte, fosse esse o sentimento que Gonçalves Dias em seus primeiros cantos nos quis revelar: o valor que se percebe daquilo que está longe, o que nos traz lembranças e nos dá saudade.
Entanto, não farei nenhuma alusão ao gorjear das aves de cá, embora confesse de antemão não me agradarem os cantos de lá.
Vou-me embora, sim, mas antes que eu peça a Deus que não permita que eu morra, eu estarei de volta.