INTELIGÊNCIA. DISCERNIMENTO E CULPA RELATIVA.

Santo Estevão com São Paulo, quando este era um dos maiores doutrinadores do rabinato, não guindado ainda à máxima cátedra do cristianismo, como nessa arquicadeira figurou para os tempos, fez o doutrinador judeu tremer diante de sua retórica no embate doutoral na sinagoga.

Onde estava essa força? Nascia como esse invólucro semeado de sabedoria invulgar?

Originava-se da certeza que ninguém distanciado da pureza de ser verdade aceitava e praticava. Esta a força do mártir Estevão, morto por lapidação, pena crudelíssima, por ser acreditado no Cristo, e pela inveja que colocou Paulo de Tarso vencido em seu discurso.

Verdades básicas são irrecusáveis. Norteiam a natureza primeiramente e as normas. Passam pelo crivo consensual da sociedade.

A relatividade das verdades se circunscrevem a parâmetros difusos, mas não a verdade clara que dimana do certo e errado e passeia no mundo com a força das advertências do Cristo, o Jesus de Nazaré Ungido.

Sua oralidade fez o inventário do “errado” que cobra impostos e escravizou o povo judeu, como da regra romana implantada no grande império, pelas características da época, o maior império do mundo em todos os tempos, conquistado no lombo de cavalos e em galeras precárias de segurança.

Esse “errado” continua na antítese moderna. A escola do mundo continua nos bancos maniqueístas. O certo e o errado mantiveram-se em linhas básicas.

A luz é para poucos, e chega com a dúvida. Mas a dúvida instala-se com a luz que varre a escuridão dos caminhos e se posiciona recusando na mediação o que seja errado diante do certo, ambos flagrantes.

Do mau caráter nasceram as leis, as normas que definem o errado, o crime e os hábitos criminosos. Dele, do mau caráter, nasceu a feitura de justiça na aplicação da lei.

É preciso, contudo, diante do binômio que gere e conduz a vontade na vida, certo e errado, seu aspecto psicológico-normativo, saber dissecar, separar, avaliar e acolher. Não é uma “captio diminutio” pretendida, mas ocorre, não somos todos iguais em percepção, há discernimento reduzido, adquirido pelas circunstâncias que se estruturam na inteligência possível, e não há como removê-las, mas é possível mitigá-las.

Se fosse fácil a escolha ninguém seria criminoso ou se seguiriam criminosos.

Não se vive de sonho, embora permita-se sonhar.

A inteligência arbitra a ficção e o sonho. Só a realidade torna-se passível de protagonização. Nela reside o certo e errado.

Não se caminha por estradas desconhecidas do nunca ao nada percorridas. Por vezes iniciadas e esmagadas pela história conhecida, como tantas veredas político-doutrinárias que se perderam na estrada, trazendo sofrimentos e mortes, nunca alcançando felicidades e sonhos.

É preciso esforço e vontade dirigida pela lógica comum ao menos, que traga capacidade para atingir a gnose, o conhecimento do que é certo e errado em termos básicos.

Os que sabem pouco sabem que nunca saberão muito, distantes assistem sob lamento os atingidos pelas circunstância declinadas, na suficiência pensada possuir perdidos em contradição que nem percebem.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 04/10/2018
Reeditado em 04/10/2018
Código do texto: T6467420
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