OS DESAFIOS DA IGREJA. PAPA FRANCISCO.

“Vaticano, 19 Jun. 18 / 03:00 pm (ACI).- O Vaticano apresentou o instrumentum laboris do próximo Sínodo dos Bispos sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, que acontecerá de 3 a 28 de outubro deste ano.

O documento tem 214 pontos e foi elaborado com as contribuições recebidas pelos jovens de todo o mundo ao longo de vários meses. Alguns temas abordados são as relações familiares, o aumento de famílias monoparentais, a violência, os abusos sexuais, a pedofilia, o desemprego, o papel da mulher e a homossexualidade.

O texto faz referência a uma “metamorfose da condição humana” que, segundo algumas pessoas, o mundo está vivenciando em um nível antropológico e cultural.

Também se reconhece a dificuldade de algumas conferências episcopais “para entender o contexto e a cultura em que os jovens vivem” e acredita que um dos problemas é que, “atualmente, a relação entre jovens e adultos já não é um conflito geracional, mas a incomunicabilidade recíproca”.

A Igreja se encontra diante de um desafio fundamental, porque muitas paróquias também deixaram de ser um “lugar de encontro” e isso mostra que existe “uma dificuldade das instituições religiosas para entrar em sintonia com a consciência moderna e se expressar em uma linguagem inteligível para os jovens”.

O documento também expressa preocupação de que “um grande número de jovens das áreas mais secularizadas não pedem nada à Igreja, porque não a consideram uma interlocutora importante para a sua existência” e inclusive “pedem expressamente que lhes deixem em paz, porque sentem que a sua presença incomoda e até mesmo irrita”.

Sua origem estaria parcialmente nos “escândalos sexuais e econômicos, sobre os quais os jovens pedem à Igreja que reforce sua política de tolerância zero contra os casos de abusos sexuais”.

Por sua parte, os jovens expressaram sua esperança de que “a Igreja seja uma instituição que brilhe por exemplaridade, competência, corresponsabilidade e solidez cultural” e que “compartilhe sua situação de vida em vez de fazer somente pregações”.

Também pedem à “hierarquia eclesiástica” que a Igreja seja “transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa”.

O Secretário Geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, afirmou durante a apresentação que o documento foi elaborado segundo “o método do discernimento” e assinalou que este processo é representado por três verbos: “reconhecer, interpretar, escolher”.

“O papa Francisco convocou os presidentes de todas as conferências episcopais do mundo para uma cúpula em fevereiro de 2019. A reunião será realizada para discutir a prevenção do abuso sexual e proteção das crianças na Igreja católica e é uma evidência de que o pontífice percebe o escândalo global e entende que a falta de ação ao lidar com o assunto é uma ameaça ao seu legado.

O principais cardeais conselheiros de Francisco anunciaram sua decisão nesta quarta-feira, 12, um dia antes de o papa se encontrar com líderes da Igreja nos Estados Unidos, que foram desacreditados pelas acusações recentes apontando décadas de abuso sexual e encobrimento dos crimes.

Acredita-se que a reunião de 21 a 24 de fevereiro com os presidentes das mais de 100 conferências episcopais do mundo seja a primeira desse tipo. O evento sinaliza a percepção dos níveis mais altos da Igreja de que o abuso sexual é um problema global e não se restringe ao mundo anglo-saxão, como muitos líderes católicos insistem há tempos.

No início deste ano, Francisco enfrentou a pior crise de seu papado, quando repetidamente desacreditou vítimas de um notório padre abusador chileno. Mais tarde, ele admitiu ter cometido "sérios erros de julgamento" e tomou medidas de reparação, sancionando os bispos culpados e refazendo o episcopado chileno, o qual acusou de alimentar uma "cultura de encobrimento".

Mais recentemente, o papado de Francisco foi sacudido por acusações de um embaixador aposentado do Vaticano, o arcebispo Carlo Maria Viganò, que disse que o pontífice retirou as sanções impostas pelo papa Bento 16 por ter molestado e assediado seminaristas adultos. O Vaticano não respondeu às acusações de Viganò, mas prometeu "esclarecimentos", que provavelmente virão depois da reunião na quinta-feira.

Na terça-feira 11, o Vaticano informou que a reunião nos EUA será dirigida pelo cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, e também incluirá o principal conselheiro papal acusado de abuso sexual, o cardeal Sean O'Malley. DiNardo disse querer que Francisco autorize uma investigação completa contra o ex-cardeal Theodore McCarrick, removido do cargo em julho depois de ser acusado de ter apalpado um adolescente.

O Vaticano sabe, pelo menos desde 2000, que McCarrick convida seminaristas para sua casa de praia em New Jersey, e também para sua cama. DiNardo acrescentou que as acusações de que as principais autoridades do Vaticano, incluindo o atual papa, de acobertar McCarrick, merecem respostas.

Em 2011, a liderança da Igreja ordenou que cada conferência episcopal do mundo desenvolvesse diretrizes para evitar o abuso de menores e adultos vulneráveis. As diretrizes deveriam especificar como os bispos devem cuidar das vítimas, punir os infratores e manter os pedófilos fora do sacerdócio. Embora a maioria das conferências tenha seguido a ordem, algumas, particularmente na África, não o fizeram, citando falta de recursos ou outros impedimentos.

No entanto, a própria Cidade do Vaticano não tem essa política, embora a Santa Sé tenha prometido às Nações Unidas há cinco anos que estava desenvolvendo um "programa de ambiente seguro" para proteger crianças dentro de seu território.

A conferência episcopal dos EUA emitiu o que é considerada a política de padrão ouro em 2002, exigindo que denúncias de abuso sejam relatadas à polícia e a remoção permanente do ministério de qualquer padre que tenha abusado de um menor. Mas essa política foi questionada recentemente, dado que bispos impunes, como McCarrick, podem ser julgados apenas pelo papa, segundo determinam as regras da Igreja.

A credibilidade da liderança da Igreja americana agora está em frangalhos, tanto pelo escândalo McCarrick como por recentes revelações no relatório produzido por um júri da Pensilvânia, que descobriu que cerca de 300 padres abusaram de mais 1 mil crianças desde 1940 - e uma série de bispos em seis dioceses os encobertaram, incluindo o atual bispo de Washington, cardeal Donald Wuerl.

Wuerl, que foi bispo de Pittsburgh por cerca de 18 anos, ofereceu sua renúncia há quase três anos, quando completou 75 anos, mas o papa Francisco não aceitou. Em uma carta aos padres na terça-feira, ele disse que retornaria a Roma em breve para discutir sua renúncia, ciente de que é hora para uma nova liderança.

Desde que o relatório da Pensilvânia foi publicado no mês passado, promotores em meia dúzia de Estados americanos anunciaram planos para realizar investigações similares. E os EUA não estão sozinhos na escavação do passado.

Na quarta-feira, a mídia alemã divulgou um estudo encomendado pela própria Igreja sobre abusos dentro da instituição alemã.

A pesquisa registrou 3677 casos de abusos entre 1946 e 2014, com mais da metade das vítimas de 13 anos ou menos, a maioria meninos. Um sexto dos casos envolveu estupro e pelo menos 1670 clérigos estavam ligados aos crimes, segundo o Spiegel Online e o Die Zeit, que obtiveram o relatório antes de sua data prevista de divulgação, em 25 de setembro. Fonte: Associated Press”.

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A igreja é uma instituição como outra qualquer, com seus paradigmas regulatórios. Mas a razão de sua origem a diferencia das outras instituições. Teve como sabido sua história permeada de dissolução. É gerida pelos homens o que a faz perder uma credibilidade por gestores, homens, e homens erram. É preciso correção de rumos em fases que atravessa. Agora é uma delas.

Sou católico, apostólico, romano, entenda-se a titulação da crença como instituída de forma originária. Não sou e nunca seria fundamentalista, leia-se radical, em nada. Só sou fundamentalista e radical com a perda das liberdades. E fácil de avaliar, o fundamento humano é a liberdade.

A Igreja, como instituição, foi criada pelo homem, conhecendo-se sua história que assim se põe aos nosso olhos, ainda que com o ordenamento a Pedro para que sobre a pedra fosse erguida um eco da pregação do Filho de Deus, o mais sagrado dos homens.

São Paulo, excepcional advogado e intelectual, deu os contornos especiais e fundamentais da grande instituição que alargou seus braços sobre o tempo.

São conhecidos os grandes desvios dos homens que integraram a Igreja em épocas remotas, o poder temporal assim estimulava.

Em nossos dias, contudo, a pedofilia nos preceptores da igreja, é repulsivo e asqueroso. Homens que votam pela castidade ( do que discordo em minha pequena ótica como dogma secular, entendendo dever ser abolido o celibato, não pregado por Cristo e não integrante mesmo do antigo testamento) e desviam de seus votos da maneira mais indecente sob aspecto humano, manchando a inocência de uma criança, é das mais hediondas covardias existentes.

Onde se encontra a raiz da ausência de punição e do alastramento da conduta criminosa? Na própria lei interna da igreja que não ponho em cheque, apenas considero, já que devem responder pelos atos provados perante a lei comum que obriga a todos os pedófilos, sacerdotes ou não.

ISTO NÃO TEM ACONTECIDO!!!

Corporativamente, o Código Canônico, trata os “clérigos de conduta gravemente escandalosa ( como os pedófilos)”, palavras da lei, de maneira benévola, afirmando em seu cânone 2300, que “se depois de admoestado não reforma sua conduta nem é possível de outro modo evitar o escândalo, pode entretanto ser privado do direito a vestir o traje esclesiástico”. E fica nisso.

Já assisti documentário na TV em que pedófilo-sacerdote fala de suas práticas cinicamente, dizendo-se atraído sexualmente por crianças, tendo arrastado famílias e os molestados, já adultos estes, para o sofrimento de processos desencadeados.

Grandes revisões profundas são necessárias, não só intenções.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 02/10/2018
Código do texto: T6465263
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