Máquinas Espirituais?
Chegando a um ponto estamos de nos fundir com máquinas. Longe de imaginar pregos e parafusos na ingenuidade dos tempos do Dr. Frankstein. Os computadores aproximam-se da docilidade humana. Falei em docilidade? Força de expressão. Novas máquinas (pequenos robôs) que bombardearão a gordura das artérias, limpando-as dos nossos excessos gastronômicos, irão cuidar também de nossos dentes, do fígado, da limpeza dos pulmões carcomidos pelos resíduos de fumaça que ingerimos involuntariamente ou por prazer, conforme o caso.
Os rins, os intestinos e demais órgãos serão visitados, avaliados e fortalecidos com substâncias pertinentes, recebendo os devidos reparos. Não pense que o tecido cutâneo será esquecido. Enquanto dormimos as pequenas e admiráveis máquinas farão a necessária limpeza, removendo células mortas e eliminando possíveis portadoras de potencial cancerígeno assim que surjam.
Não se assuste o amigo e nem vire o rosto ao imaginar milhares, talvez milhões, de pequenos corpúsculos cuidando de reparar e completar o trabalho da natureza – como se ele não tivesse sido bem feito nesses últimos milhões de anos de evolução.
A natureza há bilhões de anos, começou a moldar o nosso habitat e, caprichosamente, elaborou um átomo após o outro e desde que uma molécula disse sim a outra, conforme a saudosa Clarice Lispector, tudo começou.
Deus deve estar nos observando e não sei se ele gosta de nos ver brincando com a natureza íntima dos átomos.
Sei que hoje bilhões, talvez trilhões (são muitos zeros e não sou afeito à matemática) de pequenos seres habitam nossas entranhas. O homem coloca seu dedo na evolução da espécie prometendo saúde e uma quase eternidade. Chegaremos a um ponto em que não saberemos o que é máquina e o que é ser humano. Talvez nos transformemos em uma única e nova espécie.
Creio que não chegaremos a ver uma luta ferrenha como alardeiam os filmes do gênero Aflição Científica. Teremos um concubinato, depois, quando despertarmos de manhã não saberemos o que somos (grande novidade) e teremos apenas que esperar que nosso novo corpo se disponha a viver, guiado por uma mente em muito estimulada por chips orgânicos.
A realidade se aproximará da ficção e computadores, ou ciborgs irão requerer patentes, direitos autorais e até o direito de viver. O filme o Homem Bicentenário, com o fabuloso Robin Willians, pode ser uma profecia.
Não tema o leitor. Não estou em devaneio. O livro a “Era das Máquinas Espirituais”, do engenheiro Ray Kurzweil, atesta e aprova muito mais do que citamos acima. Talvez, em um futuro próximo, além de nos aproximarmos do computador, quem sabe se não descobriremos a nossa verdadeira vocação e, nessa estranha jornada, elas nos aproximem de melhor entendermos o Criador. Prefiro ser otimista a começar a encarar com suspeita o meu microondas.
O sim às máquinas já foi dado e tanto você como eu, desde que nos dispusemos a teclar no micro, a usar um cartão de crédito, a viajar na internet, dentre outras coisas, aceitamos esse mundo novo. Seja bem-vindo ao futuro. A próxima revolução já começou...