Janelas convidam o olhar curioso, atento, até mesmo amoroso e contemplativo. O que passa despercebido à primeira visão, no ver sem explorar, no que acontece todo o tempo, instante a instante.
Muitos detalhes podem surgir, talvez nos surpreendam com algo inédito. Assim, pouco a pouco treinamos a atenção. Plena, plena em detalhes cotidianos. Banais, mas que talvez sejam tudo que buscamos para compreender e quem sabe, enxergar um novo sentido.
Pare.

Janelas são espelhos da alma, onde já li algo assim? Não lembro mas faz sentido. O dia a dia conturbado, pessoas, eletrônicos, compromissos e muito a fazer. Tanto, tanto, que não tenho tempo nem para mim mesma.  Os minutos voam, as horas passam, os dias se sucedem, os anos começam e terminam. Onde estou agora? O que construí para mim mesma? O que me tornei?
Pare, observe.

Janelas do carro em  movimento, janelas do metrô lotado, janelas do ônibus violento, janelas de prédios amontoados, janelas anônimas, janelas da minha casa. Não consigo lembrar a cor das cortinas da minha sala,  não consigo lembrar a última vez que olhei através dos vidros perfeitamente limpos. Acho que são brancas, talvez sejam azuis, definitivamente são azuis.
Pare, observe e escolha.

As cortinas de renda branca balançam ao sabor do vento suave, o cheiro de alecrim e manjericão fresco chega de mansinho e me encanta. O céu está azul clarinho, sem uma única nuvem, o café fresco na caneca é o convite perfeito para sentar na poltrona confortável, abrir um livro e ler um trecho do meu autor preferido. Não há eletrônicos, e o único som vêm dos pássaros celebrando a tarde. De vez em quando repito baixinho: pare, observe e  sinta. Pare. Observe. Sinta.


 
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 28/09/2018
Reeditado em 29/09/2018
Código do texto: T6461922
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