Reivindicação

Reivindicação

Fiz um poema para Natália quando ela ainda

era pequenina e dançava. Muitos já o conhecem.

Natália

maria da graça almeida

Linda!

Sua graça encanta.

Seu riso criança

devolve longínquas

as delícias da infância.

Meiga, viva, dança.

Sacode a cabeça, balança

os ombro e o quadril

como se fosse sem fio,

fina pipa de papel

leve e solta no céu.

Natália

do jardim é a dália,

flor colorida, cheia de vida!

Flor que sem os espinhos

enfeita e tinge os caminhos.

Sob a testa suada,

graciosa, dança a Dália.

E passos pequenos, miúdos

metidos em pouca sandália,

conduzem aos rodopios

a doce e meiga Natália.

Depois veio Ricardo, o moreninho.

E enfim chegou João, o clarinho .

Ricardo chorava. A lágrima era seu suporte e esporte preferidos.

Um dia, descobriu-se que seu choro traduzia ciúme. Ciúme da Natália que mais velha contava com honrarias de dama maior; do João, que menor, recebia -sob sua ótica- mais atenção e cuidados.

Quando eu soube, logo tratei de fazer-lhe um poemimha. Ricardo adorou, sentiu-se importante. Levou-o para a professora ler.Vivia com o poema, pra lá, pra cá.

Ricardo

maria da graça almeida

Assim tão bonito...

e ninguém me adula!

Não sou o primogênito,

nem sou o caçula.

Não sou o primeiro,

tampouco, o terceiro.

Sou filho do meio

e de graça sou cheio

Do tal sanduíche

sou só o recheio.

Mas...digo a verdade

e ganho a aposta:

sempre é do recheio

que todos mais gostam!

Adriana, a mãe, contou-me que os meninos, conduzidos pela irmã,navegavam no site Usina de letras- onde tenho meus escritos- uma vez que entre eles constavam os poemas dedicados

à Natália e ao Ricardo.

Achei prometedora a busca e também a curiosidade dos pequenos.

Uma noite o telefone tocou, atendi meio sonolenta.

Natália com a vozinha meiga e pausada:

-Oi, tia Gra ça, o João quer fa lar com vo cê.

-Oi, querida, tudo bem?

-Tudo bem, só que o João não pá ra de cho rar...

- É mesmo? O que aconteceu?

- Ele vai fa lar:

- Tia Gaça... você faz pa mim um ingal do Cado?

Imaginem se não faria...

Imediatamente! E na medida do possível introduzi as mesmas palavras que utilizei nos versos ao Ricardo.

João

maria da graça almeida

Não sou o primeiro,

nem sou o do meio,

eu sou caçula

e todos me adulam.

Cabelo anelado,

risinho engraçado...

Eu sou brincalhão,

meu nome é João!

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Pronto! Cada qual

com um poema do seu tamanho.

maria da graça almeida

maria da graça almeida
Enviado por maria da graça almeida em 12/03/2005
Código do texto: T6460
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