Águas desse mar
Eu deixei guardadas, um tempo, as palavras que eu não quis compartilhar. Por me manterem tão absorta em minhas memórias que guardam aqueles tantos momentos em que tanto faz o mundo lá fora porque só há paz aqui dentro. Guardo como se fosse ouro em mãos de ladrão, um tempo que escorre por entre os dedos e que passa, ao simples piscar dos olhos.
Sento-me no chão frio da minha sala de estar e agradeço por cada lágrima que escorre, de saudade e de vontade, de poder tudo mudar. Mudar além da mudança, além dos horizontes cuidadosamente desenhados com carvão em folhas de seda, destacando as diferenças que completam as partes que faltam nesse edifício inteiro.
Confuso, complexo, intenso.
Talvez nada se compare com algo que considero tão denso.
Apenas justifico o falto de nunca voltar. É que esse nunca, é tão (in)finito, quanto às águas que moram no teu mar.