UM PARAÍSO CHAMADO GUARIÚMA

GUARIÚMA,

A Turma da Pracinha tinha alguns locais de pescar e caçar, como muitos dos anos 50/60. Pescar era no costão de Itaquitanduva. Para nós, usuários frequentes, Quitanduva. Caçar e acampar era em um lugar longínquo, no meio da densa Mata Atlântica, próximo ao sopé da Serra do Mar, chamado Guariúma. Minha turma era a ala dos mais novos e ficávamos escutando as aventuras dos caras mais velhos que contavam mil estórias sobre animais que habitavam a mata, algumas horripilantes de vultos vistos na floresta, cobras, aranhas e uma infinidade de comentários sobre as incursões. A Cachoeira do Guariúma fica no sopé da Serra do Mar, hoje pertence oficialmente ao Bairro Jardim Melvi, município de Praia Grande e faz parte do Parque Estadual da Serra do Mar. Existem trilhas definidas, estrada de terra, pontes de madeira para pedestres, placas de sinalização. Ou seja, não possui o encanto de sessenta anos atrás.

De tanto ouvir falar nesse tal Guariúma, resolvemos conhecer esse local encantado. Se não me falha a memória , o único de nossa turma que já havia ido era o Luiz Victor Lopes, seu irmão Célio o havia levado em uma dessas aventuras. Foi nosso guia pelos caminhos da mata. Embarcamos cedo no trem do extinto ramal Santos-Juquiá, e, se não me engano, descíamos na Estação de Solemar ou Pedro Taques. Seguimos mata adentro uns 5 ou 6 quilômetros, por trilhas pouco conhecidas, até as proximidades da Cachoeira, onde havia um rancho abandonado, que servia de abrigo onde nossos amigos mais velhos utilizavam como pousada. Para alimentação, cada um levara um pão com qualquer coisa, o importante era ser grande para forrar a barriga o dia inteiro. Uns levaram bisnagas, equivalente a três pães franceses e outros um pão maior chamado de filão, que sumiu das padarias há tempos. Se as mães imaginassem onde estávamos seria um pandemônio seguido certamente uma boa surra de cinta.

Passamos um dia inesquecível. Meia dúzia de moleques de 12 a 13 anos embrenhados na mata em uma época que não existia celular, GPS, sem avisar as mães, em um lugar que pouca gente conhecia. Pudemos admirar aquele universo verde com poucos raios de luz, tomar banho de cachoeira, comer coquinho brejauva, e outras guloseimas que que a mata nos dava. Sem monitor, sem ninguém para atrapalhar nossa aventura.

Final do dia, exaustos e felizes, voltamos para São Vicente. Cada um para sua casa, sem comentar onde havia ido. Aliás, essa é primeira vez que conto essa experiência.

Paulo Miorim

24/09/2018

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 24/09/2018
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