PICADA DE COBRA

Há muito tempo não havia ocorrência desse tipo. Mas acontece e pegam a vítima desprevenida.

Quando jovem morava num sítio perto de Capituva. Certa ocasião a propriedade vizinha pegou fogo. As cobras fugindo passaram todas para o nosso lado. Eram cobras e mais cobras. A maioria cascáveis. Muitas vezes deparamo-nos com elas debaixo da mesa. Pegamos uma vara e levamos para as pastagens e soltavam-nos. Nunca as matamos. Por isso, por gratidão nunca também fomos picados.

O Butantã mantinha convênio com a ferrovia. Mandavam laço para apanhar as peçonhentas e uma caixa para encaminhá-las ao instituto pelo trem. Em troca mandavam-nos soro específico. Demos muito deles para as farmácias locais, únicos estabelecimentos para socorrer vítimas de picadas.

Já trabalhando em Promissão, fazia as refeições na pensão do Suzukisan. Sempre levavam para ele cascavel. Tirava filé, assava e moía. E acrescentava na pinga. Dizia que era afrodisíaco de primeira. Muitos clientes acompanhavam-no. Mas na certa altura sua pele começou a descamar. Todo mundo o evitava...Faleceria alguns meses após...