Fênix Pitanguyense
Raro é o dia, em que, estando em Pitangui, não dou uma passada no centro histórico da cidade para ver o andamento da obra de restauração do antigo cine-teatro que, por bem mais de meio século, escondeu sua face original - e pecaminosa, para os severos costumes locais - para se transformar no austero Edifício Liliza, e servir de sede a uma Coletoria Estadual, e outras explorações comerciais.
A primeira evidência daquele passado ressurgiu nas colunas frontais, logo seguida pela recomposição da cúpula e dos adereços frontais que, gradativamente pintados, com extraordinário lavor, vão dando cores, verde-amarelas principalmente, a um monumental prédio que nos remete bem a construções imponentes do fin-de-siècle que tanto embelezou cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais do país. Uma jóia que, renascida, diuturnamente se lapida. E que vai acostumando o povo a ver o velho nascer de novo...
Aquele miolo da Velha Serrana, em torno da Praça da Câmara, do adro da matriz, de tamanho valor histórico e eivado de simbolismo e que ao longo dos tempos modernosos tanto se descaracterizou, recebe agora a atenção de um filho ilustre, e verdadeiro mecenas, Haroldo, para, feito a Fênix da mitologia grega, renascer das cinzas de um progressismo desvairado.
Pena é que - prefiro aqui estar redondamente enganado - o nobre espaço tão árdua e artisticamente recuperado, a fins comerciais, de griffe, estaria para ser destinado...