NO FINAL DAS CONTAS O GENERAL TEM RAZÃO

Em 2002, realizei a tabulação dos dados do sistema penitenciário do Rio Grande do Sul, referente aos anos entre 1983 e 2002. Em média, de cada 10 indivíduos que passaram pelo sistema, oito não tinham concluído o ensino básico, eram de profissões auxiliares, ou de baixa complexidade, tipo serventes, supridores de mercadorias e auxiliares de serviços gerais.

Um dado que bate com a preocupação do General refere-se a informação da paternidade, que na tabulação trazia na grande maioria como não declarada, sem informação, e outras palavras que sugeriam a falta do dado na documentação, durante o cadastro do indivíduo, quando se fez recluso.

O problema não é a fala do General, mas o afastamento da escola, a não formação profissional e o atarefamento sobre somente um dos ascendentes na condução dos filhos.

Dizer da ausência do pai, não significa responsabilizar a mãe pelo destino dos filhos, mas dar aos homens a responsabilidade que lhes cabe, mesmo que isto não ajude muito para reabilitar o descaso.

Enfim, os indivíduos que entram na relação, fornecendo somente o espermatozoide, não fariam muita diferença se presentes, pois o interesse deles provavelmente seja somente o prazer físico.

A solução não é gemer contra o General, mas cumprir o estabelecido na legislação, coisa que a maioria dos que criticam o General, não fizeram muito até hoje.

A chamada do assunto, nesta abordagem, traça o caminho que busca mostrar que a bandidagem, a criminalidade, está em maior número nas legiões de quase analfabetos, dos sem profissões que permitam melhores posições de trabalho e não no outro lado das ruelas, onde ela ocorre camufladamente, onde há bandidos mais estudados, mais gabaritados, entretanto quantitativamente comparados com os das ruelas os números são bem menores.

Sobre a desestruturação da família, dei-me conta que durante os últimos quarenta anos, os valores mudaram muito e aquela família de nossas infâncias, já não existe mais, talvez sobreviva em menos de 30% dos lares e em nossos sonhos.

No que diz respeito aos lares que existem nas ruelas, que alternam-se entre os condomínios de casas e de pequenos edifícios aqui do bairro, sempre me indago, como pode se desestruturar o que não existe, conforme o modelo que concebemos de família?

Mais especificamente, me refiro aos lares de um único cômodo, talvez de 3 X 4 m, e banheiro muitas vezes de uso coletivo com mais pessoas, onde os parceiros drogam-se, agridem as mulheres na frente dos pequeninos e costumeiramente afastam-se por estarem preso ou por irresponsabilidade.

A família que que sonhamos não volta, nem surgirá onde nunca existiu, talvez o caminho possa ser retomado, se novas uniões estiverem dispostas.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 20/09/2018
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