A barraca do café
Ela era a garota mais bonita da feira, vendia café, tinha olhos castanhos,cabelos pretos e um corpo de fazer qualquer malandro torcer o pescoço. Antônia era assim, especial, seu sorriso trazia uma certa tranqüilidade. Eu ficava louco quando ela passava, lembrava de Tom e Vinicius cantando garota de Ipanema. Devia ter uma música falando da garota do café, teria muito mais enfase na realidade da baixada.
Pensei em tê-la em meus braços, em tê-la somente para mim.
Como fazer isso? Pedir um cafezinho e mandar um chaveco seria muito comum, ela ouvia isso o tempo todo. Pensei, repensei, nada saia da minha cabeça. Imaginei então que deveria chamá-la para sair. Aí então vesti a minha melhor roupa e fui a feira de sábado, lá estava ela simplismente linda, aquele modo de andar que só as cariocas têm deixava toda a feira em festa. cheguei em sua barraca e pedi um café com bastante açucar, Resultado: não falei nada, voltei para casa com a sensação de perda, com a sensação de ser um homem covarde.
Na semana que se passou peguei um ônibus para o centro do Rio e por incrível que pareça lá estava ela, sentada em um banco, que oportunidade, sentei ao seu lado e num surto de coragem começei a falar com ela e a elogiar suas mãos, aliás, que belas mãos, suas unhas tinham detalhes em flores. Quando saímos do ônibus, já no campo de Santana peguei em sua mão e beijei-a. Ficamos horas conversando, e vi que além de linda ela era uma mulher super-interessante.
Hoje ela não está mais na feira, temos cinco filhos, mas aquele rebolado, ainda existe, ainda me deixa doido.