INVASÃO
Foram várias as invasões perpetradas no Brasil. Físicas, religiosas, ideológicas e principalmente linguísticas.
As línguas de raízes Tupi/Guarani sofreram a influência das línguas europeias a partir do contato fortuito com os contrabandistas de pau brasil ou invasões para construção de feitorias no período das grandes navegações e, já no período de colonização, com o estabelecimento da escravidão dos africanos, as línguas das diversas etnias foram incorporadas a esse caldeirão semântico que é a nossa língua geral.
Claro que há locais em que essas influências são mais nítidas pela incorporação de ternos trazidos, principalmente, por europeus e asiáticos que fugindo da miséria nos velhos continentes, para cá se transferiram com armas e malas.
Durante o período imperial tivemos quase total dominação da língua francesa, principalmente por ser fator de destaque social e mesmo depois da queda da nobreza essa liderança se manteve por muitos anos.
(Uma particularidade: do final do século XIX até os anos vinte do século XX, os meus quatro bisavôs paternos moravam com família numerosa no mesmo casarão num dos bairros de Maceió/AL e diariamente durante os jantares, todos usavam trajes a rigor e o francês era a língua obrigatória para as conversas a fim de demonstrar o alto poder aquisitivo e o padrão de excelência familiar.)
Nos últimos cinquenta anos, com o surgimento da tecnologia da informação, a língua inglesa assumiu a liderança e a cada dia se faz mais presente com a incorporação de novos termos no nosso vocabulário doméstico.
Sem que haja necessidade de tradução, entendemos perfeitamente o que significam: backup, black-friday, body, designe, drive-in, establishment, first-mile, follow-me, follow-up, food-truck, free, games, girlfriend, hangout, home center, home-office, home-work, ice, marketing, notebook, online, open, over-night, pet, qrcode, self-service, selfie, showroom, site, smartphone, soft, startup, stop, teen, work-center, youtuber...
Antes tínhamos preferência, hoje temos favorite..