Trapaça da Direita
Mesmo nascido no auge da direita, 1936 sobrevivi a pobreza, enfrentando o trabalho duro do campo desde os 7 anos. Na infância e adolescência, sem a menor noção desse sistema de exclusão social. Aflorava-me na maturidade muitas dúvidas. Eu questionava os ensinamentos de Jesus com comportamento dos quem se rotulavam cristãos. Comportavam tudo ao contrario aos ensinamentos de Jesus Cristo. Usavam mentiras, usuras e trapaças para levar vantagens. Só não desejavam a mulher do próximo, quando o próximo estava muito próximo.
Fiz esse preâmbulo para narrar uma passagem que tive com politiqueiros safados, em 1962.
Na região do Nordeste mineiro tinha uma família de muito destaque político. Tinha um deputado federal com parentes em órgãos importantes da federação. O nepotismo corria solto.
Havia o processo de Catas de Apresentação de parlamentares para pessoas empregar-se no serviço público ou em estatais. Tinha que ter Qi, isto é,” Quem indicou”? Era um pejorativo.
Lá na roça, a seca fez um estrago na lavoura, o jeito para a sobrevivência era um emprego público ou na iniciativa privada. Um Departamento do Estado de Minas Gerais abriu inscrição, precisava de uma Carta de Apresentação. Fui a um vereador local, para viabilizar uma recomendação para apresentar ao deputado federal da região. Fora-me recomendado entrega-lo em mãos ao dito parlamentar, o mais votado na região.
O deputado federal era genro do Primeiro Ministro do Governo João Goulart “ Jango”. Esse deputado tinha residência na Praça Diogo Vasconcelos,n’40, hoje mais conhecida como Praça da Savassi.
Ao bater a campainha uma moça educadamente me disse que o deputado estaria no dia seguinte em BH. Voltei no outro dia, a mesma moça disse que o deputado estava em votação na Câmara em Brasília. Meu sexto sentido me disse que tinha rolo, sentei num banco da praça e comecei a observar o entra e saí da casa.
De repente um carrão para em frente e o deputado entra as presas na casa, pensei; meu problema vai ser resolvido. Dei um tempo para quem sabe, soltar o barro, uma aguinha e um cafezinho. Bati a campainha e novamente, a moça educada, me disse que só no fim de semana o deputado viria a BH. Eu só disse para a gentil moça, que ela era uma ótima atriz. Nunca mais voltei lá.
Só não disse os nomes dos envolvidos neste pedido de uma simples Carta de Apresentação para proporcionar um desfecho surpreendente; o deputado em pauta era Aécio Ferreira da Cunha.
Tancredo Neves, foi o autor das palavras; “Canalha Canalha Canalha!... Em 1954, quando do Golpe contra João Goulart.
Hoje seu neto, enquadra na afirmação do avô. É um dos canalhas do Golpe parlamentar contra Dilma Rousséff.
Lair Estanislau Alves.