A FELICIDADE QUE É A VIDA NO CAMPO
Seja para quem lá vive, ou para quem faz uma
eventual e feliz visita, é uma delicia curtir a vida no campo...
Ósculos e amplexos,
Marcial
A FELICIDADE QUE É A VIDA NO CAMPO
Marcial Salaverry
Algo que se pode recomendar como terapia para eliminar o grande mal dos tempos modernos, chamado soturnamente de "stress", é sem duvida, um passeio no campo.
Mesmo que seja passar apenas alguns dias durante o ano em uma fazenda, por exemplo, ou mesmo em um pequeno sítio, ou mais modestamente em um lindo hotel fazenda, em algum lugar onde possamos estar em contato com a vida campestre, podendo usufruir das maravilhas que a Natureza nos oferece, teremos certamente uma oportunidade única para promover um gostoso reciclar em nossa vida.
Imaginem as delícias de ouvir pela manhã, logo cedinho, ao invés do barulhento despertador ou do rádio relógio despejando notícias de crimes e corrupção em nossos ouvidos, escutar o distante mugir de uma vaca, ou o gostoso canto matinal de belo galo de cristas coloridas. Sem dúvida, um gostoso despertar...
Uma visita ao curral, para tomar aquele leite quentinho, diretamente da fábrica para o consumidor, sempre será uma verdadeira delícia. Ainda poderemos dar um toquinho de cidade, colocando um pouquinho de conhaque nesse leite, para sofisticar o gosto. Para quem não está acostumado, ainda pode dar um ligeiro desarranjo, mas o prazer de bebê-lo, compensa uma eventual ida forçada ao sagrado trono...
Sentindo a vida natural no campo, descobrimos que até o cheiro ocasionado pela famosa "bosta da vaca", tem algo como perfume natural... Basta um pouco de boa vontade, e incorporação ao ambiente.
Depois do gostoso café matinal, com o tradicional pão caseiro, feito no forno a lenha, e, só de lembrar, já estou com água na boca, vamos a um gostoso passeio, visitando o chiqueiro dos porcos.
A visão daqueles leitõezinhos de pele rosada faz-nos repensar na vontade de deglutir um gostoso leitão a pururuca, pois os bichinhos são tão graciosos, que nos tira a vontade de comê-los mais tarde. Para quem gosta demais do bichinho em sua segunda etapa, desaconselho a visita ao chiqueiro...
Depois de uma bela caminhada matinal, respirando aquele ar tão puro, limpando nossos pulmões da poluição das cidades, e aproveitando aquela visão das campinas verdejantes, dos pastos cobertos de capim gordura, da beleza dos milharais que se estendem a perder de vista, sentar à beira de um regato rumorejante, deixar que nossos olhos se percam no movimento sinuoso de sua água sempre a correr "chuá, chuá... chué, chué... parece que alguém, que cheio de mágoa..."
Bem, assim o "pensamento que parece coisa a toa", voa, fazendo com que recordações nos assaltem a memória... E, nessa altura do campeonato, a vontade que dá, é pedir ao Amigão lá de cima que pare o tempo, que Ele "pare o mundo porque eu quero descer"...
Mais tarde, com a alma lavada e enxaguada, e a barriga já roncando, vamos ao tradicional almoço. Ah! aquela comida feita em panela de barro e fogão a lenha. Só de lembrar, sai água de minha boca...
A nova visão do leitãozinho faz esquecer as disposições matinais... Isso sem falar naquela pinga vinda do alambique doméstico...
E depois, a visão daquela rede balançando, esticar o corpo e ficar apenas apreciando aquele verde que se estende a perder de vista... E, claro, os olhos se fechando, porque ninguém é de ferro...
Ao cair da tarde, caminhar até chegar àquele outeiro, para apreciar melhor o maior, e mais lindo espetáculo da Terra, a maravilha que é um por do sol no campo... Não dá para descrever... Só vendo mesmo.
Lá, com o coração não cabendo dentro do peito, ver o breve e romântico encontro do sol com a lua, que vai tomando o lugar do seu amado sol... as estrelas que vão surgindo... É uma emoção difícil de ser controlada.
E é com olhos molhados pelas lágrimas teimosas que insistem em descer, que voltamos para a fazenda, para o famoso lanche da noite e dormir ainda não totalmente refeitos das emoções vividas, e que serão repetidas no dia seguinte – e que irão se iniciar com o indescritível espetáculo que nos dá o sol, quando reassume sua posição no firmamento.
Claro que também existe a chuva, mas fica para outra vez, nada que impeça nossa alma da felicidade de viver a cada dia, sempre UM LINDO DIA...