O JARRO
Maria havia discutido com o Bruno e consequentemente, estavam sem se falar. O Bruno tinha o temperamento muito esquentado, e quem resolvia enfrentá-lo, ele simplesmente vinha com uns desaforos, tentando provar que estava certo. E o motivo de sua briguinha com a namorada foi exatamente pelo fato dela querer ir à praia com um biquíni com listras vermelha e preta. Isso foi o suficiente para o fanático implicar com ela.
- Não acredito no que estou vendo! Só pode ser uma miragem. Não pode ser verdade. Exclamou já alterando a voz.
- Claro que você não está tendo uma miragem, esse foi o biquíni que acabei de comprar e irei inaugurá-lo. Não ficou lindo?
- Você só pode estar de brincadeira. Por que não comprou outro, com cores mais bonitas e menos chamativas. Ah! Já sei, fez de propósito, para me provocar. Não tem nenhum respeito por mim.
- Bruno, eu não acredito que sejam apenas as cores o motivo da sua implicância. Pois fique sabendo que irei assim mesmo, com ou sem você. Tchauzinho baby! - Saiu do carro dele e pegou um táxi.
O deboche dela foi o suficiente para ele sair irado da casa e arrancar com o fusquinha azul-anil. Maria havia esquecido completamente sobre o fanatismo dele com o Vasco e o ódio pelo Flamengo. Mas como já tinha comprado o biquíni numa promoção e sem direito a troca, o jeito era usá-lo, mesmo contra a vontade do namorado.
Quando já estava na praia tomando um solzinho, lembrou-se do aniversário do Bruno. Mas como havia brigado com ele, preferiu fingir que não se lembrava do dia.
Chegando em casa, foi surpreendida por Netinho, filho de dona Flor, sua vizinha, oferecendo um jarro com flores artesanais magníficas.
- Gostou? R$50,00 reais. Escolhi as cores preta e branca, pensando em você. Sei que são suas cores preferidas. O Natal está se aproximando, ficaria lindo na mesa da sala. Disse o garoto estranhando o fato dela estar usando vermelho e preto.
- Pensando bem, você está certo! Ficará ótima em minha mesa. Coloca aqui em cima do murinho, daqui a pouco levarei para dentro. Passou algum tempo admirando o belo jarro com flores artificiais, imaginando na sua mesa na noite da Ceia de Natal.
No momento em que Maria pega o jarro para colocá-lo para dentro, de repente Bruno empurra o portão e depara-se com ela e o jarro ainda em seus braços.
- Maria! Que lindo esse jarro. É para mim? Sabia que apesar de tudo, você lembraria. e ainda por cima colocou as cores certas. Aceito o seu perdão! - Olhou para a moça todo emocionado.
A jovem ficou sem ação, completamente sem voz, e ao mesmo tempo com pena, pois era o aniversário dele. O jeito era confirmar.
- Sim, lembrei que o dia é especial para você. Parabéns! – Sorriu tentando disfarçar o mal-entendido.
- Adorei o presente. - Exclamou sem saber o verdadeiro motivo da Maria ter comprado o jarro.
Enquanto isso, a jovem meditava nos R$50,00 reais que havia perdido. Pois na verdade ele precisava mudar os seus conceitos.
DÉBORA ORIENTE