Recomeço:

(( R E C O M E Ç O : ))

O dia tinha amanhecido. O som de vozes e barulhos de carros lá fora, indicava que deveria ser, pelo menos, sete e meia. Do corredor, ou da cozinha, vinha alguns sons de alguém cuidando da limpeza e uma musica vulgar de FM se fazia ouvir do radinho do funcionário.

Ela acordou. A cama se balançara e a despertou do seu gostoso sono. A coberta deslizou para baixo deixando à mostra um de seus peitos, branco, firme e bem desenhado.

Pelo menos ela dormiu bem, porque quanto aos acontecimentos anteriores, ela se sentia meio decepcionada. Sonhou tanto com aquele encontro. Esperou tanto do parceiro.

Lembrou-se de que horas antes de anoitecer, recebera uma ligação dele ao celular. Todo insinuoso e cheio de charme, ele criou nela uma grande expectativa.

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Assim que a cama vibrou com os movimentos do parceiro ela acordou. Seu olhar percorreu o quarto rápido e àvidamente. Seu corpo ardeu e ela desejou uma dose de amor matutino. Não fazia isso com muita frequencia.

Ficou desapontada quando seu olhar se deparou com aquele que passou a noite com ela na mesma cama. Ele já estava se vestindo e não parecia , nem um pouco, com o jovem animado da noite anterior. Ela sorriu para ele e nem a isso ele reagiu.

_onde vai tão cedo? Ela perguntou. Haviam combinado de tomarem o café da manhã juntos, as nove horas.

_ To indo embora! Disse o rapaz, pegando seu celular e as chaves do carro. Dizendo isso, ele disse tchau e saiu. Nem mesmo um beijinho ou um leve e torto sorriso. deixou a moça realmente surpresa.

_Meu Deus! Ela pensou. _O que será que deu nele?

_Como pode agir assim, dessa forma, alguém que passou uma noite junto de outra, na maior intimidade?

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Ela não tinha namorado, pois o ultimo que se apresentara lhe mostrou ser um coitado, metido a besta. Logo no primeiro dia que saíram juntos, ele demonstrou machismo exacerbado. Idiota. Mesmo assim eles ficaram juntos por quase três meses. Ainda bem que saíram poucas vezes e ela aproveitou-se da primeira oportunidade para romper suas relações com ele. Não valia a pena tentar mais. Ela era decidida.

Mesmo não firmando compromissos com alguém, ela ficava e saía com um ou outro amigo, mas nem sempre se sentia compensada com essas relações. Na verdade, a maioria desses encontros dava em nada, ou em frustrações. Parecia que ela estava se tornando objeto. Objeto do seu pouco prazer e necessidade. Precisava mudar. Pensou.

Era bonita. Muito bonita. Branca, estatura mediana, corpo bem delineado, dentes alvos e bem alinhados. Cabelos longos, pretos, um pouco encaracolados. Tinha uma voz forte e meio aguda, boa de se ouvir. Tinha os olhos de um castanho tão escuro que eram confundidos com o preto. Tinha muito bom gosto para adquirir suas roupas, e calçados. Andava sempre bem vestida e a despeito de ser uma moça pobre, do interior, até parecia uma patricinha, uma filhinha de madame da alta sociedade.

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Agora, estava ali, sozinha, num leito de motel, deixada por um tipo que não lhe soubera agradar. Ele nem tentou fazer por merecer de os carinhos daquela bela garota.

_Aquele cretino, (ela pensou) nem tanto carinho em sua atuação. De inicio, ela imaginou que ele fosse tímido, mas, se assim fosse, como então ele a assediara tanto, antes de saírem?

Algo deu errado, ou ele era o tipo errado de homem para ela. Isso, sim.

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A raiva é um sentimento fácil de atingir as pessoas e também perigoso. Atinge o nosso sistema nervoso levando o indivíduo a reagir de várias formas. Pode se limitar a um desabafo, gritos, xingos e até choros.

Ela chorou. Chorou e rolou pela cama. Tampou o rosto com as mãos espalmadas. Murmurou baixinho alguns palavrões, indiretos pra os elementos que a usaram diretamente. Sua raiva maior foi de si para si mesma. A garota estava se sentindo ferida. Muito magoada. Contudo, achou melhor não "chorar por leite derramado".

_Burra! Burra, burra, burra! Desabafou quase aos berros. _Como posso ser assim tão burra?

Depois de um longo banho, se penteou calmamente. Saiu pelos fundos do Drive-in e tomou seu carro no estacionamento privado aos clientes. Tocou para o centro da cidade.

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De volta para casa jurou a si mesma que não daria mais oportunidade para mais nenhum outro aproveitador. Deixaria os acontecimentos seguirem o seu próprio curso e acreditaria na sorte de encontrar a pessoa certa, na hora certa e no lugar certo.

Parou no semáforo, já perto de sua casa e, distraída nem notou que o sinal estava verde de novo. Um motorista buzinou atrás de seu carro, mas ela não se mexeu. Vários outros veículos se desviaram dela, parada ali no sinal. Alguns transeuntes repararam e alguém fez um comentário. A sociedade é assim. O ser humano é assim.

De repente ela se despertou. Se olhou no espelho, respirou fundo. Deu um largo sorriso e disse para sua imagem ali refletida: _ Bom dia querida! _Seja muito bem vinda à nova vida! Sorriu.

Começou cantarolar uma musiquinha que havia aprendido com sua avó, em sua infancia.

Engrenou a primeira marcha, esperou o farol verde do semáforo e tocou para casa. Dirigiu seguramente, sem pressa, deixando atrás de si um passado do qual ela não se orgulhava. Mas agora estava confiante e radiante, pois sabia que sua vida agora seria com mais qualidade. Enterraria o passado e seria livre. Seria feliz.

***@*** F I M ***@***

(Pardon )

( Pardon )
Enviado por ( Pardon ) em 15/09/2018
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