A perseguição perseguidora
Redundância de termos - não! -, há gente que se considera perseguida ou perseguido, procura se cercar de uma avalanche de perseguições, vê perseguição em tudo, chamando esse fantasma para si. E se acontece uma, essa dá cria a milhares no seu imaginário, como se fosse a multiplicação de vírus ou bactérias perseguidoras. Ao andar na rua, pensa que todos, sem exceção, estão a censurar-lhe, e logo pensa que está, no mínimo, desarrumada ou desarrumado. E por isso, entra num WC com um espelho para ajeitar o batom ou aprumar o bigode, e quando sai, sente-se espiada ou espiado, dizendo para si: “estão pensando que fui ao banheiro para fazer coisa mais grossa”; como isso não fosse, para todos, coisa muito natural. Porque o perseguido ou a perseguida transforma tudo que é positivo em negativo, desde que o que imagina seja contra si.
Nos restaurantes ou nos salões de festa, ao ver alguém cochichando, logo acha, na leitura labial, o seu nome em jogo; também sofre com as risadas, significam deboches à sua pessoa, e se escuta gargalhadas, conclui que o deboche atingiu o nível de escárnio, retirando-se da constrangedora ambiência por não suportar tanta zombaria. Pior é para quem acompanha a pessoa que sofre de tal patologia; ou também se você, caro leitor, é tido como um contumaz perseguidor.
Quanto infeliz seria um coelho que, na mata, tivesse a imaginação de estar, constantemente, sob a mira do caçador. Sempre ao olhar para frente, de lado ou para trás, logo percebesse o vulto do atirador, apontando-lhe o rifle. Com certeza, dir-se-ia que os animais, mesmo fora da nossa sociedade, descrita na Comédia Humana, de Balzac, também podem ser acometidos de paranoia. Como se livrar dessa terrível e angustiante caça? Talvez a perseguida ou o perseguido deixar de perseguir a perseguição; desmagnetizar, na sua cabeça, o imã que atrai para si tais malefícios... Não somente as religiões e as ideologias maquinam perseguições, não precisa ser partido; uma pessoa só, contra si mesma, pode construir esse inferno.
Redundância de termos - não! -, há gente que se considera perseguida ou perseguido, procura se cercar de uma avalanche de perseguições, vê perseguição em tudo, chamando esse fantasma para si. E se acontece uma, essa dá cria a milhares no seu imaginário, como se fosse a multiplicação de vírus ou bactérias perseguidoras. Ao andar na rua, pensa que todos, sem exceção, estão a censurar-lhe, e logo pensa que está, no mínimo, desarrumada ou desarrumado. E por isso, entra num WC com um espelho para ajeitar o batom ou aprumar o bigode, e quando sai, sente-se espiada ou espiado, dizendo para si: “estão pensando que fui ao banheiro para fazer coisa mais grossa”; como isso não fosse, para todos, coisa muito natural. Porque o perseguido ou a perseguida transforma tudo que é positivo em negativo, desde que o que imagina seja contra si.
Nos restaurantes ou nos salões de festa, ao ver alguém cochichando, logo acha, na leitura labial, o seu nome em jogo; também sofre com as risadas, significam deboches à sua pessoa, e se escuta gargalhadas, conclui que o deboche atingiu o nível de escárnio, retirando-se da constrangedora ambiência por não suportar tanta zombaria. Pior é para quem acompanha a pessoa que sofre de tal patologia; ou também se você, caro leitor, é tido como um contumaz perseguidor.
Quanto infeliz seria um coelho que, na mata, tivesse a imaginação de estar, constantemente, sob a mira do caçador. Sempre ao olhar para frente, de lado ou para trás, logo percebesse o vulto do atirador, apontando-lhe o rifle. Com certeza, dir-se-ia que os animais, mesmo fora da nossa sociedade, descrita na Comédia Humana, de Balzac, também podem ser acometidos de paranoia. Como se livrar dessa terrível e angustiante caça? Talvez a perseguida ou o perseguido deixar de perseguir a perseguição; desmagnetizar, na sua cabeça, o imã que atrai para si tais malefícios... Não somente as religiões e as ideologias maquinam perseguições, não precisa ser partido; uma pessoa só, contra si mesma, pode construir esse inferno.