Sujos de almas

Armando é um classe média. Se assume como tal. E explica: - Sou classe média e não sinto nenhum remorso de sê-lo. Não compactuo com marginais sejam destros ou sinistros. Àqueles que se dizem defensores dos fracos e oprimidos e roubam descaradamente a dignidade e a cidadania dessas pessoas deixam-me enojado. Os lados não são únicos, em todos eles há bons e maus, dignos e indignos, éticos e antiéticos. Não gosto de sujos de alma, venham de onde venham, têm meu desprezo.

  João Batista, enquanto degusta um bolinho-de-chuva ouve e reflete. Armando é um classe média que se guia pela meritocracia, conclui João. E contrapõe: Armando, fazer discurso moralista é fácil. Difícil é criar as condições de civilização em uma sociedade, a última a abolir a escravidão. Não se sinta ofendido, como você disse, tem boas e más pessoas em todos os segmentos sociais e a classe média não é homogênea, mas ela, majoritariamente foi pra avenida Paulista seguir o pato amarelo, em nome do combate à corrupção. Foi sim, manipulada pela elite endinheirada, com a Globo convocando. Fosse mesmo contra a corrupção ela estaria de volta às ruas, pois quem está no comando do país hoje é uma quadrilha. As panelas silenciaram. Sempre que um governo popular vence, nas urnas, e começa a implementar politica a favor dos pobres, é golpeado. Foi assim com Getúlio, com Jango, lembra das reformas de base? E com Dilma. E perseguem Lula, para tirá-lo da disputa em 2018. Com o judiciário, com tudo, num grande acordo, como disse o Senador Romero Jucá. Armando não se dá por vencido:

   - Não se trata de moralismo, e sim, de princípios. Na dificuldade é que surgem as maiores oportunidades, mas nós temos desprezado-as, graças a oportunistas de todos os vieses. Se a educação deficiente não é priorizada, continuamos reféns de instituições malfadadas. As quadrilhas sempre existiram e foram se aprimorando. Política a favor de pobres sempre foi esmolas, os pais dos pobres locupletaram-se com a elite que tanto dizem combater, são instrumentos dos donos do poder. Na história recente o Sr. Luis Inácio foi o único com cacife suficiente para iniciar uma mudança e lamentavelmente entregou-se ao jogo sujo, uma decepção. Sinto muito pelo ocorrido, mas como você mesmo expõe continuamos sonhando passado. A propósito, sou bisneto de escrava e a mancha de ser o último a abolir a escravidão é uma lástima. Não tenho qualquer esperança de mudanças que possam favorecer o povo, não há líder e sequer liderados aptos a realizar. Uma boa noite pra você.

   Perante a convicção de Armando, João Batista preferiu, também, encerrar o diálogo com um boa noite, pois não valeria a pena perder a amizade por conta de um debate, que no fundo, não mudaria as convicções de ambos.

Esta crônica é resultado de um diálogo com um internauta, que pediu que seu nome verdadeiro fosse omitido. O diálogo aconteceu no início de 2017.

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#LulaLivre Doravante esta hashtag estará em minhas publicações enquanto não apresentarem as provas contra Lula.