LUCIANO PAVAROTTI
(Crônica/homenagem)
Romeu Prisco
A notícia da morte de Luciano Pavarotti, que foi um dos maiores tenores de todos os tempos, causou-me profunda tristeza e, até mesmo, algum remorso, como explico mais adiante.
Ao lado da foto que ilustra o "site" daquele cantor, lê-se, em italiano e em inglês, uma frase a ele atribuída, que serviria, segundo sua vontade, como seu epitáfio. Livremente traduzida para o português, entenda-se: "penso que uma vida (voltada) para a música tenha sido uma vida bem empregada (vivida) e é a isto que me dediquei".
Não, Luciano Pavarotti ! Você não viveu somente para a música. Você viveu para todos nós, amantes da arte e da beleza. Você viveu para o mundo. A música apenas foi o meio com que você se comunicou conosco. E como ! Jamais esqueceremos sua voz inconfundível e suas magníficas interpretações, seu sorriso franco e sincero,sua figura de italiano "bonachão", que sabia usar na manga da indumentária um lenço branco e rendado, como poucos nobres o fizeram, sem provocar antipatia.
Todavia, o que mais me causou admiração por você, foi a sua humildade. Com seu enorme talento, você jamais selecionou público para as suas apresentações e, principalmente, sempre prestigiou outros cantores, ótimos, porém, sabidamente, não à sua altura, sem se negar a com eles dividir as glórias dos seus espetáculos. Ah, Luciano Pavarotti ! Não posso esconder que isso me acarretava uma ponta de inveja, o que explica o remorso por mim aqui inicialmente referido, como se esse sentimento negativo pudesse, de alguma forma, ter contribuído para a sua morte.
Já imagino você sendo recebido no Céu por uma "comissão de frente", encabeçada por seu amigo Frank Sinatra e composta por Enrico Caruso, Beniamino Gigli, Mario Lanza e tantos outros, cantando, em coro, uma canção italiana bem popular, de Nicola Paone, intitulada "Uei! paesano".
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