A inutilidade das palavras
Tem horas que não adianta falar: tem que de agir. As palavras, por mais corretas e adequadas que sejam, não substituem o gesto concreto, a atitude. Promessas servem para delinear planos, criar expectativa, dar uma prévia do que está por vir. Mas não passam de pobre retórica se não antecederem a ação. E quando essas promessas vêm no atacado, somando um infindável dominó com belas frases, e não passarem disso, vão servir para colocar a frustração em primeiro plano, pois, de fato, eram meros placebos de sonhos que não passaram de pobres e incautos sonhos. Mas quando viram atos concretos, quando realmente estão na frente de algo que será tangível, tendo gosto, cheiro, textura, cor e tudo mais, a coisa muda de figura. As palavras passam a ter o respeito que merecem, como efetivos percursores das atitudes. Tem gente que não saca isso e fica queimando o filme a torto e direito dizendo que faz isso, faz aquilo, que vai acolá, que vai ganhar de beltrano, que vai driblar sicrano e por aí vai. Lembrar disso ao longo do curso da vida vai evitar cair em areias movediças sucessivas e dar de cara com becos sem saída. Lembrar disso vai dispensar o amargor da derrota sem guerra, aquelas situações medíocres em que nos colocamos a toda hora. Palavras são poderosos trunfos, estrategicamente colocadas ao nosso dispor para fazermos o uso que bem quisermos. Se apropriar delas sem a devida cautela e respeito poderá nos empurrar de cabeça no precipício da mais tresloucada e definitiva desilusão. A maior que poderá haver.