30 Anos = 30 Segs.

Um homem de poucos cabelos e totalmente brancos encontra-se a alguns metros de mim, numa casa onde morou desde sua infância. Está de costas e não me vê. De igual modo fico de costas a ele. NÃO queremos nos ver. O conheci noutra vida. Nesta, a história é outra.

Deixarei Miguel* pra lá. Ele NÃO faz parte dessa crônica.

Volto ao que me propusera anteriormente. Escrever sobre o quão relativo é o tempo na existência humana. Trinta séculos são uma fração da Eternidade. Um tempo loooongo, humanidade. Esses mortais contemplam as Múmias com essa idade e admiram-se. O tempo é passeio abre nossos olhos. Mas, com efeito, o que é o tempo? "Se não me perguntarem eu sei; se me perguntarem, não sei dizer...", dizia Agostinho de Hipona.

30 anos são a medida de tempo na qual eu me baseio para alguns cálculos que faço. Eles representam uma espécie de arco: são a crista da onda temporal. Curvatura que fornece uma espécie de base para calcular a distância temporal de alguns eventos que presenciei ou fizeram parte de minha vida. O que são trinta anos a um adulto de 41? Ah, a Relatividade! O Tempo, Senhoras e Senhores, é relativo. (Todas as vezes que resolvo dissertar sobre o Tempo me vem à cabeça aquele a que chamo de "O Poema Por Excelência": "Pequeno Poema Didático", de Mário Quintana.)

O vento é um meio caminho entre o Tempo e o Espaço. Possui uma extensão vária e que nos abraça de maneira arbitrária. O vento leva tempo. O tempo passa. O silêncio perpassa. Atravessa as Eras.

30 Anos são 30 Segundos. Passam rapidamente por nós. E se não deixam marcas por fora, nos afetam por dentro. A idade chega a todos nós. Pesa. Ou pode trazer alguma coisa boa.

Quem já fez quarenta anos deve saber o peso que o Tempo tem. Deve saber que está mais perto do fim da estrada. Em teoria, claro.

Envelhecer deveria ser pensado melhor. Melhor planejado. Com viagens. Com Felicitações. Com Alegria. Com Orgulho. Essas crianças de 15, 20 anos NÃO sabem o que foram os anos 80. A eles, soa pré-histórico. Mas não o é!

Deleuze & Guattari cruzaram o rio de que falam em "Que É A Filosofia?" Claro que não passa de um artifício, uma metáfora. Mas explica muito sobre a experiência humana. Se não, ao menos serve de referência aos leitores mais audazes, do tipo que procuram conhecer as coisas mais a fundo.

Os anos 80 terminaram em 1987. 88 & 89 são anacrônicos. Não se encaixam em minhas lembranças daquela década. Suzanne Vega fizera sucesso com "Luka", em 1988. A história de uma criança que passava dias inteiros trancada em seu apartamento. Sem ter com quem conversar muito menos brincar. Letra curiosa tem essa canção. "Meu nome é Luka. Moro no andar de cima..."

"Luka". Onde você está agora, trinta anos depois?

NOTA

* O nome real foi protegido para evitar citar pessoas reais diretamente