Propina só na Itália
Na condição de nordestino, acostumado com o clima quente, as vezes que fui a Europa, escolhi o verão de lá. Em Roma, senti o calor de 37 graus, em Veneza, 40; o que nem havia sentido aqui no Nordeste. Num dia ensolarado, nas proximidades do Vaticano, acompanhados com um casal de Recife, eu e minha mulher optamos por um pequeno restaurante, cujas mesas ficavam na calçada, à sombra do próprio prédio, de relativa altura. O momento era mais propício a uma cervejinha gelada para acompanhar a refeição, do que propriamente o vinho italiano. No nosso linguajar “o calor estava mesmo de lascar”.
O garçom que nos serviu era um coroa que aparentava a minha idade, na época. Já me atrevia a “arranhar” algumas palavras em italiano, em razão de um cursinho intensivo que havia feito, de quatro meses, para não chegar lá tão analfabeto. Fomos bem atendidos, depois de termos nos identificado como brasileiros. Já havia até reservado a gorjeta do garçom, seguindo a cultura local. Mas, isto de forma espontânea. Entretanto, para a minha decepção, o garçom já veio logo cobrando: “propina, propina, propina...”.
Dei exatamente a que já havia reservado, mais ou menos o correspondente aos 10% prevalecentes aqui no Brasil.
Agora, por uma questão de idioma, cabe-me explicar que jamais eu proporia, se fosse aquela que se enquadra nas atribuições da Lava-Jato.
Acabo de ver na TV notícias sobre prisão de ex-governadores, acusados de receberem propina. Como diria Boris Casoy, “isto é uma vergonha”.