PENSAR. LER. ESCREVER.
Para pensar há de existir as conexões necessárias da inteligência. Somos diferentes dos primitivos por não agirmos instintivamente. Como chegam as conexões que formam o pensamento? Por vezes podemos achar que é um processo automático, se nascemos iremos falar, pensar, ler e escrever. Sabemos que não é assim em parte.
Se não houver alfabetização, não leremos nem escreveremos. É só isso? Não!
Estamos também incapacitados de pensar, formar convicções determinantes e determinadas, agimos quase que por instinto e isso é verificável através do homem do interior, rude, que se guia pelo processo da natureza, observando-a, quase como o homem das cavernas, se aprimorou um pouco pelo contato com a civilização, com quem pensa, e o faz pelos reduzidos meios de comunicação que tem ao seu alcance. Tem dificuldade em falar e quase ou nada expressa em pensamento. É visível o que digo na TV ao se comunicarem os interiorizados.
O Menino-Lobo Mogli é objeto de interessante artigo de Cláudio de Moura Castro. O velho conto de Rudiard Kipling, onde o menino é adotado por uma loba e cresce sem jamais pronunciar uma palavra, integrando-se após à sociedade.
A interação humana distante desses seres vem despertando o interesse da psicologia lingüística e cognitiva, acentua o professor e economista Moura Castro.
Impõe-se uma pergunta, pensamos porque temos palavras ou seria possível pensar sem elas. Crianças criadas em isolamento tiveram problemas de ajuste social, todas têm.
“Vivemos em mundo de palavras”, refere Richard Leakey”, citado por Moura Castro, antropólogo de renome. A linguagem é nosso veículo principal, ela nos faz distinguir do resto da natureza.
Esse o marco da inteligência construída. Se nos comunicamos com palavras, pensamos com palavras. Pensar é a possibilidade de ligar as palavras com que elaboramos o pensamento. A sintaxe faz a conexão de uma palavra com outra.
Quem não se orientou a lidar bem com as palavras, com seu patrimônio vocabular, não sabe pensar. Sobre esse tema, essa proposição, o filósofo Ludwig Wittgenstein emitiu forte e brutal sentença da qual não há como se afastar: “Os limites da minha linguagem são também os limites de meu pensamento’. Nada mais verdadeiro.
Se é básico que para engendrar pensamentos tive que me valer de fontes informativas na interação em geral, é correto que preciso ter um arsenal de palavras colhidas desse mundo interativo para fazendo as devidas conexões no processo cerebral, formar um conceito pensamentar, elaborar, fechando, um pensamento, uma proposição, um aprendizado amealhado no mundo das palavras.
Hoje, lementavelmente, temos 50% de analfabetos funcionais na avaliação da educacão básica, quarta série, segundo a SAEB, Sistema de Avaliação da Educação Básica.
Significa dizer que temos um universo expressivo de meninos-lobos.
Mal ou bem, já que a língua está muito castigada nesse abrangente veículo, Internet, ele exercita um pouco mais o ler e escrever, enfim, ensina a pensar, ainda que deformado muitas vezes o instrumento do pensamento, a palavra.